Um estudo recente da Universidade de Washington revela potenciais benefícios metabólicos de consumir insetos.
Um novo estudo, conduzido por investigadores da Universidade de Washington, em St. Louis, nos Estados Unidos, analisou o efeito da quitina, um polissacarídeo abundante em exoesqueletos de insetos, cascas de crustáceos e fungos, no metabolismo de mamíferos.
De acordo com os resultados do estudo, quando fornecida a ratos, a quitina provocou uma resposta imune com impacto significativo no seu metabolismo.
No decorrer da pesquisa, os ratos alimentados com quitina e uma dieta rica em gordura mostraram melhor comportamento metabólico do que os que receberam apenas uma dieta rica em gordura.
Os ratos alimentados com quitina produziram uma enzima específica do intestino, AMCase, vital para a digestão do polissacarídeo — que colateralmente levou à ativação de células que regulam os tecidos adiposos, explicam os autores do estudo, publicado a semana passada na revista Science.
Ratos que foram inibidos de produzir AMCase para digerir quitina, alimentados com uma dieta rica em gordura e quitina, resistiram ao aumento de peso. Os investigadores observaram um aumento nas células linfóides inatas do tipo 2 (ILC2), que desempenham um papel importante na regulação do tecido adiposo.
A ingestão de quitina parece favorecer também um microbioma mais saudável no trato gastrointestinal inferior.
“Temos várias formas de inibir as quitinases estomacais. Combinar esta abordagem com alimentos ricos em quitina pode oferecer vantagens metabólicas significativas”, explica ao Science Alert o imunologista Steven Van Dyken, investigador da Universidade de Washington e autor principal do estudo.
O estudo contradiz teorias anteriores, ao mostrar que são as células estomacais dos mamíferos, e não as bactérias intestinais, que produzem as enzimas necessárias para digerir quitina.
Antes de os dinossauros se extinguirem, os mamíferos consumiam insetos em quantidades significativamente mais elevadas do que atualmente. Alguns estudos sugerem que estes mamíferos adaptaram o seu metabolismo, ao longo do tempo, para digerir a quitina.
Parece então estar na altura de os humanos passarem a incluir na sua dieta o consumo deste saboroso petisco — que está na moda e já chegou a Portugal.