O comandante das Forças Terrestres ordenou a paragem da instrução depois de ter sido informado da primeira morte mas os instrutores ignoraram a decisão e continuaram a chamada “Prova Zero”.
Depois da morte de Hugo Abreu, o militar que faleceu, em setembro passado, durante o 127.º curso de Comandos, o comandante das Forças Terrestres ordenou a paragem dos exercícios da chamada “Prova Zero”, decisão que os instrutores terão ignorado.
Segundo apurou o jornal Público, o general Faria Menezes dirigiu-se ao Campo de Tiro de Alcochete mal soube da notícia da morte do jovem de 20 anos e decidiu cancelar toda a formação prevista para o dia seguinte.
A confirmar-se esta informação, os instrutores que decidiram continuar a prova incorrem no crime de insubordinação por desobediência do Código de Justiça Militar, que prevê uma pena entre um a quatro anos de prisão, nas circunstâncias relatadas, isto é, “em tempo de paz e em presença de militares reunidos”.
Cinco oficiais e dois sargentos estão já indiciados pelo Ministério Público por crimes de abuso de autoridade por ofensa à integridade física.
A “Prova Zero” dura geralmente três dias seguidos, durante os quais os militares têm poucas horas de descanso. Além disso, a água e a alimentação também são sujeitas a racionamento, escreve o jornal.
Depois da morte de Hugo Abreu, vários instruendos deram também entrada no hospital, nomeadamente o soldado Dylan da Silva, que viria a falecer no hospital enquanto esperava por um transplante de rim.
O curso esteve suspenso depois destes incidentes mas voltou a ser reaberto para os militares terminarem a formação, algo que aconteceu em novembro do ano passado. Apenas 23 de um total de 67 candidatos chegaram ao fim.
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