Em Moçambique, já se registaram mais de 1000 infeções. Pelo menos 959 desses casos foram registados na cidade da Beira, uma das mais afetadas.
Depois da passagem do ciclone Idai, o principal desafio das equipas médicas nas regiões afetas é conter o surto de cólera. Em Moçambique, já se registaram, pelo menos, 1052 infeções, segundo o último balanço avançado pelo Governo moçambicano na segunda-feira. Dessas casos, pelo menos 959 foram registados na cidade da Beira.
Entre domingo e segunda-feira, registaram-se 247 novas infeções nesta cidade com mais de meio milhão de habitantes. Esta é a região mais afetada, seguida de Nhamatanda, com 87 casos e Dondo, com seis casos de cólera, segundo os números das Nações Unidas.
Estes dados permitem estabelecer uma média de 200 casos de novas infeções por dia. No entanto, apesar de o número de pessoas infetadas ter aumentado na última semana, foram registadas apenas duas mortes.
O Público adianta que, na segunda-feira, chegaram ao país 900 mil unidades de vacinas orais contra a cólera, parte de um campanha de vacinação promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). David Wightwick, líder da operação da OMS na Beira, afirma que estas vacinas “devem atenuar o pico deste surto”. A vacinação deve arrancar esta quarta-feira.
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informa, por sua vez, que foram estabelecidos 11 centros de tratamento da cólera, mas apenas nove deles estão operacionais, na Beira e noutras localizações.
A doença, endémica na região, “manifesta-se de forma rápida e viaja de forma muito rápida também”, disse Sebastian Rhodes Stampa, coordenador adjunto da missão humanitária das Nações Unidas em Moçambique, citado pela Associated Press.
O último surto de cólera em Moçambique registou-se entre 14 de Agosto de 2017 e 11 de Fevereiro de 2018, com 1799 casos reportados e uma morte, de acordo com os números da Organização Mundial de Saúde.
A cólera é provocada pela bactéria Vibrio cholerae, transmite-se pelo consumo de água e comida contaminadas, manifesta-se sob a forma de diarreia infecciosa e pode matar em apenas algumas horas.
“A cólera é o nosso desafio mais imediato”, afirmou David Wightwick, sublinhando que, aliada à desnutrição e à escassez de alimentos, podem ser um cocktail fatal nesta situação. Mas para Wightwick, também é prioritário conter outras doenças como a malária.