Cirurgias robóticas disparam em Portugal graças ao PRR

ULS São José

ULS São José realiza primeira cirurgia robótica pediátrica em Portugal

O elevado custo continua a ser o principal entrave ao aumento do uso de robôs cirúrgicos no Serviço Nacional de Saúde.

A cirurgia robótica está a ganhar tração em Portugal, especialmente no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com um número crescente de hospitais a integrarem esta tecnologia de ponta. Desde o início de 2024, unidades hospitalares em cidades como Braga, Lisboa, Porto, Guimarães e Funchal passaram a utilizar robôs cirúrgicos, numa transformação impulsionada principalmente pelo financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

O sistema da Vinci, líder mundial em cirurgia robótica, é o mais presente no país, tendo sido duplicado o número de unidades em operação entre 2023 e 2024, passando de oito para 16. Dois terços desses robôs já se encontram ao serviço do SNS, relata o Público.

A urologia lidera a adoção da cirurgia robótica, com destaque para a prostatectomia radical, devido à precisão dos procedimentos e à significativa redução dos efeitos secundários como incontinência urinária e disfunção erétil. A melhoria da visualização e a estabilidade dos movimentos permitem preservar estruturas sensíveis, como nervos e vasos sanguíneos, com maior eficácia.

O custo elevado continua a ser o principal entrave à massificação da tecnologia. Cada robô pode custar até 1,9 milhões de euros, valor que inclui o equipamento, consumíveis e manutenção. No entanto, o PRR tem desempenhado um papel crucial ao financiar a aquisição destes sistemas por várias unidades públicas, como o IPO do Porto, a Unidade Local de Saúde de Amadora/Sintra e hospitais no Algarve.

Apesar da expansão recente, Portugal ainda está a recuperar terreno em relação a países vizinhos, como Espanha. Em 2024, havia apenas 16 robôs da Vinci em Portugal, contra 160 em operação em solo espanhol. A concentração dos equipamentos nas grandes cidades do litoral também levanta preocupações quanto à equidade no acesso.

Especialistas como Emanuel Carvalho Dias, do Hospital de Braga, e Margarida Martinho, do Hospital de São João, concordam que esta tecnologia veio para ficar. Estimam que, dentro de uma década, cirurgias como a remoção da próstata, bexiga e parte do rim sejam realizadas exclusivamente com recurso à cirurgia robótica em Portugal.

ZAP //

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