A Presidente do Peru, Dina Boluarte, está a ser investigada por uma cirurgia que fez em 2023, e que manteve em segredo. Essa operação ao nariz pode, agora, valer-lhe a saída do cargo.
Dina Boluarte foi ouvida pelo Ministério Público do Peru depois de se ter divulgado que foi operada ao nariz em Julho de 2023, numa audição que demorou mais de quatro horas.
Em causa está um eventual “delito de abandono do cargo” e a omissão de informação ao Governo e ao Parlamento. Isto porque a Chefe de Estado não divulgou que ia ser operada, como exige a Lei devido a possíveis complicações para a saúde.
Há juristas peruanos que acreditam que a advogada de 62 anos violou a Constituição, o que pode levar a um processo de destituição de Dina Boluarte da Presidência.
Boluarte assegura que não foi uma cirurgia plástica
Dina Boluarte já explicou que “não foi uma intervenção estética”, mas uma operação “necessária e essencial” para a sua saúde, notando que sofre de “rinite crónica desde 2011″.
Assim, a operação visou melhorar a “funcionalidade respiratória”, alegou, notando que “não gerou nenhum tipo de incapacidade ou impedimento” para exercer as suas funções como Presidente.
Até porque, como argumenta, usou as suas “horas de sono” para fazer a cirurgia.
Do “Rolexgate” à possível ajuda na fuga de suspeito de corrupção
O mandato de Dina Boluarte termina em Julho de 2026, mas não é certo que chegue até lá na Presidência.
A política já enfrentava uma queda de popularidade assinalável antes desta polémica com a cirurgia ao nariz.
Também está envolvida no chamado “Rolexgate”, sendo acusada de enriquecimento ilícito por não ter declarado relógios e joias de luxo. Há suspeitas de que estes objectos poderão ser contrapartidas de pessoas envolvidas em actos de corrupção.
A Presidente do Peru também foi investigada pelas suas responsabilidades na repressão das manifestações que se seguiram à sua tomada de posse em Dezembro de 2022, depois da destituição do então Presidente Pedro Castillo.
Morreram 50 pessoas nos protestos que decorreram entre 2022 e 2023. A acusação por “genocídio” já foi arquivada, mas continuam abertas as investigações pelos alegados homicídios.
Além disso, Dina Boluarte é suspeita de ter ajudado a fugir à justiça o fundador do partido Peru Livre, Vladimir Cerrón, que enfrenta acusações de corrupção e que está foragido há um ano. A Chefe de Estado foi membro deste partido, que deixou em 2022.
O Peru tem vivido anos de instabilidade política, somando seis Presidentes em apenas oito anos.
