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Cidade holandesa vai pagar aos habitantes só por viver

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A cidade holandesa de Utrecht vai levar a cabo a partir do próximo outono uma ambiciosa experiência, que consiste em oferecer, sem nenhuma condição ou contrapartida, um rendimento base a milhares dos seus habitantes, que já recebem ajudas do estado.

O objectivo da experiência consiste em tentar perceber se as pessoas continuam a esforçar-se quando recebem ajudas económicas, sem estar sujeitas a qualquer obrigação.

“As regras actuais para a atribuição de apoios sociais são essencialmente burocráticas, e baseadas na desconfiança”, diz Jacqueline Hartogs, porta-voz do vereador da área de emprego da autarquia de Utrecht.

“O exemplo dessa desconfiança é o facto de as pessoas deixarem de receber subsídio de desemprego se não arranjarem emprego“, diz Hartogs, citada pelo Business Insider.

Para realizar a experiência, a autarquia vai oferecer um subsídio a 250 pessoas, divididas em 3 grupos.

Um dos grupos vai receber o apoio de acordo com as leis em vigor, três grupos de 50 pessoas vão receber apoio com normas menos rígidas do que as correntes, e o quinto grupo vai receber o apoio sem qualquer condição.

Uma ideia semelhante foi lançada nos anos 60 nos Estados Unidos, por Richard Nixon. Mas nos anos 70 foi mesmo realizada, em Manitoba, no Canadá, uma controversa experência que  teve como resultado uma diminuição dos níveis de criminalidade e das consultas hospitalares na região.

Em 2014, os Suiços recusaram no entanto em referendo a introdução, pela primeira vez na história do país, de um salário mínimo universal – que seria também o mais elevado do mundo, de cerca de 3.300 euros.

A ideia de um rendimento mínimo universal é normalmente considerada impraticável, não apenas por questões logísticas, mas por receio de que os cidadãos abusem e se aproveitem do sistema.

A experiência de Utrecht, cidade com 311 mil habitantes, pretende ajudar a mudar esse preconceito e, defendem os responsáveis pelo projecto, mostrar que a vida é um direito – não algo que uma pessoa tenha que merecer.

ZAP

12 Comments

    • Não, em Portugal tal ideia teria à perna o Governo…. Alguma vez uma ideia destas seria proposta pelas cabecinhas neo-liberais de quem nos governa? Se uma pessoa não dá lucro, não merece ser apoiada…

  1. Pois, até parece que o dito “sistema” não abusa e não se aproveita dos seus cidadãos, querem ver…
    Se eu fosse líder de um povo, eu tinha VERGONHA de ter pessoas a morrer à fome e sem um sítio digno onde morar. VERGONHA.
    As pessoas separam-se em vez de viverem como um todo, em comunidade.
    Por que raio temos de pagar para viver num planeta que é nosso por direito»?!
    Há muita gente a viver à conta do sistema e não é a maioria dos cidadãos, com certeza…(os tais 1%…) Quem está “acordado”, sabe do que falo.

  2. alguem nao compreende a razao pela qual estes sistemas utopicos nunca funcionam? o problema do free rider irá existir sempre. alem disso, é facil compreender os modelos que nos demonstram a razao pela qual os subsidios e os rendimentos minimos garantidos apenas atrasam o crescimento economico porque levam a menos produtividade e eficiencia. economia à parte, caminhamos para uma sociedade parasitaria e por isso é natural que estas ideias ganhem força. quando estivermos como a china, Russia, brasil, Indonesia talvez nessa altura voltem a dar valor a politica economica seria que nas proximas eleiçoes tera o seu fim.

  3. Isso faz-me lembrar um pouco o sistema social cristão apostólico que vem referido em atos dos apóstolos da biblia sagrada.

    Penso eu que não há nenhuma igreja cristã atual utilizando o mesmo sistema (acho eu) , mas o sistema consistia em as pessoas irem vendendo terrenos consoante suas possibilidades e irem dar o dinheiro às autoridades da igreja que depois iriam distribuindo essas quantias por todos consoante as necessidades. E apartir daí um sistema em que praticamente todos estariam sem passar necessidade. Todos com um direito universal e com um suporte fixo em termos de apoio. Já quanto à doutrina também aconselha, quanto ao trabalho, a não andarmos desordenadamente:

    “Ora, o Senhor encaminhe os vossos corações no amor de Deus e na constância de Cristo.mandamo-vos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebestes.
    Porque vós mesmos sabeis como deveis imitar-nos, pois que não nos portamos desordenadamente entre vós,
    nem comemos de graça o pão de ninguém, antes com labor e fadiga trabalhávamos noite e dia para não sermos pesados a nenhum de vós.
    Não porque não tivéssemos direito, mas para vos dar nós mesmos exemplo, para nos imitardes.
    Porque, quando ainda estávamos convosco, isto vos mandamos: se alguém não quer trabalhar, também não coma.
    Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes intrometendo-se na vida alheia;
    a esses tais, porém, ordenamos e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo que, trabalhando sossegadamente, comam o seu próprio pão.
    Vós, porém, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.
    Mas, se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai-o e não tenhais relações com ele, para que se envergonhe;
    todavia não o considereis como inimigo, mas admoestai-o como irmão.
    2 Tessalonicenses 3:5-15”

    Já quanto a este sistema proposto na noticia acho que é importante para vir a algumas novas ideias. E aqui é o próprio sistema estatal a tomar conta da ocorrencia. Penso que seria bom porque nem todos nós viemos de uma familia (falo por mim) com estrutura familiar e económica que permita ter estabilidade.

    De qualquer forma para mim o único senão é a questão como se gere os apoios. Os apoios são importantes. Mas vi nas noticias recentemente que uma pessoa estava no desemprego na suiça e recebia o subsidio à volta dos 1200-1300 euros, mas a pessoa disse que tinha uma proposta de trabalho por um pouco mais (não sei se era 1400-1500), mas para meu espanto a pessoa disse que por essa diferença não valia a pena ir trabalhar. Com este sexemplo penso que seria importante, por exemplo, o subsidio de desemprego ser 20% abaixo do ordenado mínimo.

    Outro caso vi uma pessoa seu parte d eum braço, infelizmente. Aqui diz que recebia 200 e poucos euros. Também lhe perguntei, salvo erro quantoa arranjar emprego, mas não tenho a certeza já se ele me disse que tinha medod e perder o subsídio… (porque vivia em fracas condições e e tinha muito receio de alguma coisa correr mal no sistema). Não tenho a certeza já do que ele disse, mas caso haja casos semelhantes por exemplo garantir a quem tem um problema permanente no corpo falta de um braço, perna, etc, e ter um sibsídio permanente? nem que fosse coisa mínima?. Não sei… De qualquer forma o crescimento económico e social poe-se em causa quando há estes entraves. Mas todos eles merecem dedicação e análise urgente, na minha opinião.

  4. Sr. Fernando Saraiva, obrigada por se ter dado ao trabalho de publicar aquele texto bíblico. Não conhecia e fiquei impressionada.
    Quanto ao motivo pelo qualas pessoas subsidiadas em Portugal, não arriscam alguns trabalhos que às vezes aparecem tem a ver com os enormes atrasos e complicações na atribuição dos mesmos, que na maior parte são o único rendimento que têm. Por exemplo, se quiserem aproveitar um trabalho de verão que dure três meses, depois tem de ficar sete ou oito meses à espera para voltar a receber o rendimento mínimo. Até as pensões de alimentos a crianças, do Fundo de Garantia da Segurança Social demora a volta de seis meses a ser decidido pelo Tribunal e outro tanto ou mais a ser pago pelo Fundo, e os retroativos são pagos só a partir do mes seguinte à decisão do tribunal, sem juros. É um desespero!
    Quando fiquei desempregada e pedi vaga no infantário da Segurança Social porque não poderia continuar a pagar o colégio onde ela andava, obrigaram-me a increver-me no Rendimento Mínimo só para poder marcar consulta com a Assistente social e eu nem sequer tinha direito ao RM. Acabaram por me enviar 20 € por mês, durante um ano que depois tiraram porque eu tinha outro redimento e nunca consegui o infantário que era a única coisa que eu queria. Fiquei então a perceber que o sistema era mesmo assim, está feito de maneira a que as pessoas se tornem dependentes dele e não arrisquem porque o emprego não é certo.

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