O “cholismo” do Atlético de Madrid no Etihad: sem bola, sem remates e o 5-5-0

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Peter Powell / EPA

O internacional português João Félix.

O Atlético de Madrid apresentou-se a defender em 5-5-0. Os espanhóis não fizeram qualquer remate e tiveram menos de um terço da posse de bola.

Desiludiu-se quem ontem esperava um jogo disputado entre Manchester City e Atlético de Madrid. A partida foi de sentido único e só deu citizens. Não apenas por mérito dos ingleses ou por demérito dos espanhóis — nem por uma combinação de ambos. O problema é que o Atlético de Madrid nem tentou.

Desde o apito inicial do árbitro, o Atleti pôs em prática um cholismo extremo. Esta é a filosofia de jogo que permitiu a Diego Simeone construir uma equipa vencedora no Atlético de Madrid, ainda que nem sempre jogando o futebol mais apelativo.

O cholismo centra-se na ideia de solidez defensiva, na rapidez de reação na perda e recuperação da bola, e numa organização tática meticulosa assente no pragmatismo. O objetivo é vencer e, quanto a isso, não há sombra de dúvidas na filosofia de Simeone.

Na noite desta terça-feira, a jogar em casa dos citizens na primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões, o Atlético de Madrid apresentou-se com um sistema tático que na prática era um 5-5-0.

Duas linhas defensivas, sem qualquer avançado a pressionar ou para aproveitar uma recuperação rápida de bola para sair no contra-ataque.

Perante este cenário, o Manchester City tomou conta do jogo. No entanto, os comandados de Pep Guardiola tiveram dificuldades em quebrar as linhas madrilenas. O derradeiro golo da vitória só chegou aos 70 minutos.

Phil Foden conseguiu desmontar a defesa com um passe na profundidade, aproveitado exemplarmente por Kevin De Bruyne.

O apito final do árbitro chegou sem que o Atlético conseguisse testar os reflexos de Ederson. Sem um único remate e com menos de um terço da posse de bola, o emblema da capital espanhola passou completamente ao lado desta primeira mão.

As estatísticas da partida são reveladoras e, como o algodão, não enganam.

Fazer zero remates em 90 minutos é algo que não se esperaria ver de uma equipa da dimensão do Atlético de Madrid. Ainda para mais com talentos como João Félix e Antoine Griezmann a titulares, e ainda Matheus Cunha e Luis Suárez no banco.

As estatísticas mostram ainda que a bola esteve no último terço do campo dos visitantes em apenas 13% do encontro. Outra curiosidade é que, na primeira parte, o jogador do Atlético que tentou mais passes foi o guarda-redes Jan Oblak.

No final do jogo, Pep Guardiola falou sobre as dificuldades em ultrapassar as linhas defensivas do adversário e disse que “na pré-história, hoje e em 100 mil anos é muito difícil atacar um 5-5-0”.

“Foi um jogo muito disputado, muito difícil. São uns mestres a defender todos juntos e é difícil. Conseguimos que não corressem, não permitimos ocasiões, tivemos paciência e conseguimos o golo na ligação entre o Foden e o Kevin. Já prevíamos que iam jogar em 5-3-2, mas depois ajustaram e ficaram em 5-5-0″, começou por dizer o técnico espanhol.

“Na pré-história, hoje e em 100 mil anos é muito difícil atacar um 5-5-0. Não há espaço. Eles são fortes, nós pequenos e leves. É uma questão de ter paciência. Disse-lhes ao intervalo que estávamos bem. Depois na segunda parte o jogo partiu-se. E os minutos depois do golo mostram o que será a segunda mão em Madrid”, acrescentou.

Diego Simeone, por sua vez, defendeu que “se um sistema ofensivo eficaz é valorizado, um sistema defensivo forte e sem vergonha também o deve ser”.

Daniel Costa, ZAP //

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2 Comments

  1. Não vi o jogo, mas os ingleses ainda ganharam, ao contrário do Ajax – Benfica em que o jogo foi praticamente jogado apenas em metade do campo do lado do Benfica e este milagrosamente saiu vencedor! Afinal sempre existem milagres!

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