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Chinesas rapam a cabeça em protesto contra prisões arbitrárias no país

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Quatro mulheres chinesas, esposas de advogados e activistas detidos, raparam a cabeça num gesto simbólico de protesto, em frente a um tribunal de Pequim, para denunciar a prisão de defensores dos direitos humanos no país.

Num vídeo divulgado no YouTube, as quatro manifestantes aparecem juntas no protesto. As activistas são Li Wenzu, Yuan Shanshan, que aparece com o filho ao colo, Liu Ermin e Wang Qiaoling, e gritaram “sem cabelo e sem lei”.

As quatro mulheres são vítimas colaterais do episódio conhecido como “709”, ocorrido a 7 de julho de 2015, quando 200 defensores dos direitos humanos foram detidos na China. Desde então, tentam alertar a opinião pública, organizando manifestações, nas quais acabam por se colocar também a si próprias em risco.

Li Wenzu, que luta há três anos pela libertação do marido, não sabe o que dizer a seu filho. “É muito duro. Ele tem cinco anos e não para de me perguntar por que o papá não volta para casa?”, conta a activista.

O marido de Wenzu, o advogado Wang Qhanzhang, defendeu casos de militantes dos direitos humanos na China até ao dia em que desapareceu. “O meu marido foi detido no dia 10 de julho de 2015. Contratei sucessivamente sete advogados, mas as autoridades negaram qualquer contacto. Nem sequer sei se ele ainda está vivo”, explica Li Wenzu.

A jovem mãe já foi vítima de violência policial, mas nunca deixou de lutar pela libertação do marido, acusado de subversão. “Em três anos, fui detida nove vezes, sem justificação. Tiraram-me a roupa, insultaram-me. O nosso filho não pode ir à escola. Já não temos residência fixa, e somos vigiados 24h por dia”, denuncia.

Também Yuan Shanshan foi vítima de abuso policial após a detenção do marido. “Quando fui ao tribunal de Tianjin, a polícia revistou-me toda. Queriam prender-me. Polícias invadiram o meu apartamento, puseram-me fora de casa. Tive que fugir, expulsa pela polícia”, contou Shanshan à RFI, em 2016.

“No dia 12 de julho de 2015, o meu marido desapareceu subitamente. E nem sei porquê. Entretanto, ele tornou-se pai, mas não pôde acompanhar a minha gravidez. A sua filha tem quatro meses e não tem nome”, lamentou então Yuan Shanshan.

Há cinco meses, no aniversário do início da onda de repressões, a organização não governamental Human Rights Watch publicou um comunicado altamente crítico acerca da situação dos Direitos Humanos na China. “Todos os dias, prisões injustas de advogados aumentam o triste balanço da China em matéria de direitos humanos”.

ZAP // RFI

2 Comments

  1. Olha, olha os chineses querem ter direitos!…
    Assim lá se vai o objectivo de serem a maior economia o mundo; é que sem direitos, a economia funciona muito melhor!!

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