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Chinesas querem “empregos de homem” — mas o sistema educacional corta-lhes as asas

Várias escolas, academia e universidades chinesas impõe cotas que limitam o acesso de estudantes do sexo feminino. Mulheres têm de tirar notas mais altas do que os homens para entrar.

Um pouco por todo o mundo luta-se pela igualdade de género no trabalho, procurando que mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens e tenham um salário equivalente para o mesmo emprego. Na China, a luta das mulheres avizinha-se algo mais difícil do que em outros lugares do globo.

Alguns programas académicos chineses aceitam apenas homens ou limitam o número de candidatas, que muitas vezes precisam ter uma nota superior para entrar, escreve o The New York Times.

A academia policial, por exemplo, estabelece cotas, normalmente limitando o número de alunas a não mais do que um quarto do corpo discente. No início do ano, apenas cinco dos 140 estudantes que entraram na academia eram mulheres — apesar de mais de mil mulheres se terem candidatado.

As informações disponibilizados no próprio site da academia revelam que a mulher com a menor pontuação a entrar teve 40 pontos a mais do que o candidato do sexo masculino com a menor pontuação a ser admitido.

Contactado pelo jornal norte-americano, um membro da academia policial explicou que as estudantes foram admitidas no curso através de um processo separado que se baseava em recomendações em vez de testes.

Na China, o número de universitários do sexo feminino supera agora nitidamente o número de homens. No entanto, as mulheres ainda enfrentam fortes barreiras para entrar em programas académicos e de treino para profissões tradicionalmente dominadas por homens do país.

Os programas de estudos relacionados com a aviação civil normalmente especificam que procuram apenas candidatos do sexo masculino, exceto no caso de comissárias de bordo. A polícia e o exército, por sua vez, impõem cotas que limitam o acesso feminino.

Os altos riscos e pressões associadas ao trabalho de polícia foram dados como justificação para reduzir as cotas de aceitação de estudantes do sexo feminino para apenas 15%. 

Estas barreiras estão também presentes noutras áreas, como na arte, em que algumas escolas impuseram uma proporção de 50/50 para reduzir a crescente fatia de alunas.

Segundo o The New York Times, após um grupo feminista ter publicado online um relatório sobre políticas de admissões tendenciosas, as redes sociais começaram a censurar o “feminismo extremo”.

Embora o Ministério da Educação tenha banido a maioria das admissões baseadas em género em 2012, permitiu que algumas áreas — relacionadas com o exército ou com a defesa nacional — limitassem o acesso de estudantes do sexo feminino. As restrições também são permitidas em áreas que o governo considera perigosas, como mineração ou navegação marítima.

Daniel Costa, ZAP //

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