A China reivindica quase toda a área do mar do Sul da China e opõe-se, frequentemente, a qualquer manobra ou ação militar dos Estados Unidos na região.
Esta terça-feira, a China acusou os Estados Unidos de “sabotarem a paz e estabilidade regionais”, depois de o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, ter classificado como “ilegais” as reivindicações territoriais de Pequim no Mar do Sul da China.
“É uma acusação totalmente injustificada“, afirmou, em comunicado, a embaixada da China nos EUA, acrescentando que “o lado chinês se opõe firmemente” aos comentários de Pompeo.
O secretário de Estado norte-americano alertou, na segunda-feira, que os EUA consideram “ilegais” as reivindicações chinesas, aumentando a pressão sobre Pequim. “Os Estados Unidos defendem a ideia de uma região livre e aberta no Indo-Pacífico. Hoje, estamos a fortalecer a política dos Estados Unidos numa área vital e disputada da região: o Mar do Sul da China”, de acordo com um comunicado de Mike Pompeo.
“Nós dizemo-lo claramente: as reivindicações de Pequim sobre os recursos offshore na maior parte do mar do Sul da China são completamente ilegais, tal como o é a campanha de intimidação para o controlar”, sublinhou o responsável norte-americano.
Embora os Estados Unidos recusem há muito a soberania chinesa sobre a maioria do território do mar do Sul da China, é a primeira vez que Washington articula formalmente uma posição por escrito, num comunicado que pormenoriza o perímetro que considera estar fora do controlo legítimo de Pequim.
Pompeo lembrou que o Tribunal Permanente de Arbitragem de Haia decidiu em 2016 que a China não tem base legal para reivindicar “direitos históricos” naquela área. “A decisão do tribunal arbitral é final e é executória para ambas as partes”, concluiu. “O mundo não permitirá que a China trate o mar do Sul da China como o seu império marítimo”, advertiu.
Os Estados Unidos têm repetidamente acusado Pequim de “militarizar” a região para estender o domínio territorial. Pequim reivindica quase toda a área do mar do Sul da China, apesar dos protestos dos países vizinhos, e opõe-se, frequentemente, a qualquer manobra ou ação militar dos Estados Unidos na região.
No início deste mês, o Pentágono denunciou exercícios militares chineses em torno do arquipélago disputado das Paracel, reivindicado pela China, Vietname e Taiwan. Mais do que as Paracel, é o arquipélago das Spratly, mais a sul, que cristaliza a maioria das tensões marítimas regionais, sobrepondo as reivindicações dos vários países vizinhos.
Antes do comunicado de Pompeo, que assume uma posição explícita de Washington em relação às reivindicações da China, os Estados Unidos limitaram-se, até à data, a apoiar a “liberdade de navegação”, evitando qualquer posição mais firme sobre as disputas territoriais na região.
// Lusa