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Chega (também) pede demissão de Ana Mendes Godinho. Ministra diz ter sido descontextualizada

Miguel A. Lopes / Lusa

O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social emitiu um esclarecimento onde se defende que a ministra Ana Mendes Godinho foi “descontextualizada de forma grave” pelo jornal Expresso.

No comunicado, citado pelo Observador, lê-se que “a frase escolhida para título foi descontextualizada de forma grave. À pergunta ‘O pior ainda não passou no caso dos lares?’ a resposta dada foi a seguinte: ‘Tivemos 365 surtos [em abril] e temos 69 agora! Claramente, temos menos incidência. Temos 3% do total dos lares e temos 0,5% das pessoas internadas em lares que estão afetadas pela doença! A dimensão não é demasiado grande em termos de proporção. Mas, claro, que isto não significa que não devamos estar preocupados e mobilizados para reforçar a guarda’”.

A ministra argumenta ainda que “retirar uma parte essencial da frase, descontextualizando-a, e dando assim a entender que o Governo não considera graves os números de mortes em lares em Portugal, é um ato grave e que, como tal, deve ser desmentido”.

A entrevista também causou polémica porque a ministra admitiu não ter lido o relatório da Ordem dos Médicos sobre o surto de covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz, tendo pedido “que o analisassem”. O esclarecimento do Ministério não aborda esta questão.

Questionado sobre as declarações de Ana Mendes Godinho, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, disse que havia quatro relatórios e garantiu tê-los lido. “É preciso ver que é preciso lê-los todos”, disse.

Chega também pede demissão da ministra

O deputado único do Chega, André Ventura, entregou no parlamento um requerimento para que Ana Mendes Godinho dê explicações a propósito da tragédia ocorrida no lar de Reguengos de Monsaraz, Évora, onde morreram 18 idosos.

“Para além da absoluta incúria e negligência na fiscalização das entidades que deveriam estar na linha da frente na prevenção do contágio e disseminação da covid-19, a governante (…) revelou frieza, desinteresse e uma enorme negligência” e não reúne, assim, quaisquer condições para continuar no exercício do cargo”, lê-se em comunicado do partido.

Também este sábado o PSD anunciou que vai chamar as ministras da Segurança Social e da Saúde ao Parlamento, para Ana Mendes Godinho explicar a situação num lar de Reguengos de Monsaraz, e Marta Temido falar sobre o plano de combate à covid-19.

As declarações também levaram o líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, a criticar a reação da ministra a Solidariedade Social à morte de 18 idosos num lar em Reguengos de Monsaraz e a considerar que Ana Mendes Godinho desvaloriza o impacto da pandemia nos lares, pedindo a demissão da governante.

Entretanto, o CDS requereu uma audição urgente, no parlamento, das ministras da Saúde e da Segurança Social e da diretora-geral da Saúde, tendo em conta os surtos de covid-19 em lares de idosos.

“O CDS entende que é dever do parlamento acompanhar tudo o que se relaciona com a pandemia gerada pela doença provocada pelo SARS-CoV-2, designada por covid-19, designadamente as medidas que estão – ou deveriam estar – a ser tomadas em Portugal”, lê-se no requerimento.

ZAP // Lusa

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