Ventura pode tomar conta do Chega da Madeira

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

O presidente do Chega, André Ventura, reage durante a sessão plenária no debate de urgência sobre “a situação provocada pelas declarações do Senhor Presidente da República em relação à reparação histórica das ex-províncias ultramarinas”

Mais de metade dos elementos da direção madeirense do Chega estão de saída. “Tomar conta” da direção madeirense é hipótese em cima da mesa para a direção nacional.

O Chega já terá visto sair cinco dos nove elementos da sua direção na Madeira, o que pode levar a uma centralização do poder na Comissão Política Nacional do partido de André Ventura.

Ao Jornal Económico, esta sexta-feira, Filipe Gouveia e Luís Pereira confirmaram a sua saída da direção. Na “calha” estarão Bernardo Faria, que não quis comentar a notícia quando confrontado pelo JE, e ainda Maíza Fernandes e João Marques.

Perante as saídas de mais de metade da direção do Chega no arquipélago, onde o partido foi quarta força política, com 9,23% dos votos nas recentes eleições de 26 de maio — atrás do PSD (36,13%), PS (21,32%) e JPP (16,89%) —, um dos cenários em cima da mesa será a direção central nacional “tomar conta” da direção madeirense, diz o professor de Direito Constitucional da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), Pedro Trovão, ao Económico.

Chega vai votar contra programa de Albuquerque

O reeleito Miguel Albuquerque apresenta na tarde desta sexta-feira, pelas 17 horas, o novo Programa do Governo Regional na Assembleia Legislativa da Madeira.

O Chega Madeira anunciou já no dia 10 que vai votar contra o programa do PSD, sem maioria absoluta, por acreditar que Albuquerque não tem condições para ocupar o cargo.

“Miguel Albuquerque não tem condições políticas, nem éticas, para liderar o governo da Região Autónoma da Madeira. É arguido num processo judicial que o implica em redes tentaculares de influência e jogos de interesses, que não podem existir na governação, nem, muito menos, serem premiadas com o silêncio ou com a complacência parlamentar”, afirma o presidente do Chega/Madeira e líder parlamentar, Miguel Castro, citado numa nota enviada às redações.

O partido “rejeita quaisquer responsabilidades nos cenários que possam advir de um eventual chumbo do Programa de Governo”, defendendo que a culpa é do “PSD/Madeira por insistir num candidato que já sabia não recolher o apoio da maioria dos partidos com representação parlamentar”.

O PSD venceu as regionais antecipadas, em 26 de maio, com a eleição de 19 deputados, ficando a cinco mandatos de conseguir a maioria absoluta. O PS elegeu 11 deputados, o JPP nove, o Chega quatro e o CDS-PP dois, enquanto a IL e o PAN elegeram um deputado cada. O PSD firmou um acordo parlamentar com os centristas após as eleições, ficando ainda assim aquém da maioria absoluta.

ZAP // Lusa

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