António Cotrim / Lusa

Gabriel Mithá Ribeiro quer integrar a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR). Em 2020, o Chega apresentou um projeto de lei para a extinção deste órgão.
Esta terça-feira, durante a audição aos membros da CICDR, a deputada socialista Isabel Moreira confrontou Gabriel Mithá Ribeiro: “Enquanto membro do Chega mantém que esta comissão devia ser extinta?”, questionou.
Na sua intervenção, a deputada socialista salientou que a proposta do partido, apresentada na anterior legislatura, se baseava numa tese do deputado em questão que defendia que o racismo foi um “fenómeno histórico“, entretanto “apagado”.
O deputado respondeu que “seria bom que conversássemos para ver se o Chega se integra na comissão e se a comissão se abre a perceber o que o Chega pensa”, acrescentando que o fundamental é procurar “resolver os problemas” relacionados com o racismo.
“O Chega tem todo o interesse em participar nesta comissão, e eu especialmente por várias razões, como a necessidade de incluir um verdadeiro debate pluralista no interior das minorias”, justificou, citado pelo Expresso.
O vice-presidente do partido entende que tem de deixar de haver um “pensamento único” nesta matéria.
“Já ouvi a palavra populismos, questões associadas à comunidade cigana. Mas tudo isso é matéria de discussão. Há relações morais nestas questões raciais. Estou disposto a todo o tipo de críticas e reparos, mas é fundamental alargar este debate”, vaticinou.
De acordo com o Público, Mithá Ribeiro também defendeu que “a democracia tem que manter permanente abertura para diferentes pontos de vista“, como os que têm outra perceção da Constituição.
Neste sentido, lamentou que o Chega tenha um “problema identitário parecido com o das minorias, imposto autocraticamente pelos outros para dentro do partido”. “Não fomos nós que nos definimos como racistas e xenófobos; foram os outros que nos definiram. Quando a nossa identidade não é definida por nós chama-se violência simbólica.”
Romualda Fernandes, do PS, sublinhou que a comissão tem uma “realidade muito concreta” com que lidar: “a violação dos direitos fundamentais da Constituição”, como os “estereótipos que ainda existem sobre uma pretensa superioridade racial ou de grupo”, e o combate ao “discurso de ódio que incita à violência e à discriminação”.
Sem se referir diretamente ao Chega, recorreu a uma citação de José Tolentino para responder ao deputado: “O mundo dividido entre ‘nós’ e ‘eles’ é um mundo assente numa visão de vidros foscos, caindo em tantas deformações.”
Também a social-democrata Emília Cerqueira recusou a tese do deputado do Chega, defendendo que a liberdade de expressão prevista na Constituição tem que estar “limitada” aos outros direitos previstos, como o “respeito pela dignidade humana” e “todas as formas de discriminação”.
Romualda Fernandes (PS), Emília Cerqueira (PSD), Viviana Nunes (PCP) e Beatriz Gomes Dias (BE) já integram a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial no atual mandato. A IL indicou Angélique Inês da Teresa, deputada municipal de Lisboa.
Neste partido Chega existe uma grande confusão de ideias.
Vejo muitas confusões de ideias fora do Chega…
Será que estes alucinados sabem onde estão e para que foram eleitos??