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Chega acusa Governo de encomendar relatório para tentar ilegalizar partido

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Manuel de Almeida / Lusa

A direção nacional do Chega acusou esta terça-feira o Governo de encomendar e incentivar um “suposto relatório europeu” sobre a extrema-direita na tentativa de ilegalizar o partido dirigido por André Ventura.

“O Chega denuncia e lamenta a divulgação de um suposto relatório europeu onde são atribuídas graves responsabilidades ao Chega pela alegada ascensão e normalização da extrema-direita em Portugal. Dizemos suposta porque, na verdade, se analisarmos mais de perto, a parte do relatório a que nos referimos é da autoria de dois jornalistas portugueses, cujas opiniões sobre o Chega já eram, aliás, conhecidas”, lê-se em comunicado.

Segundo os responsáveis do partido da extrema-direita parlamentar, o documento “não é nenhuma peça objetiva de análise ou contributo para a reflexão, é mais uma miserável contribuição para o processo de ilegalização do Chega, que é neste momento o sonho da esquerda portuguesa e de alguma direita confirmada”.

É lamentável a análise subjetiva e tendenciosa que é feita e apresentada como se se uma investigação ou recolha de dados se tratasse. A associação do Chega ao regime anterior ao 25 de Abril de 1974, a categorização do Movimento Zero como de extrema-direita populista ou a responsabilização da eleição do deputado do Chega pelo ambiente crescentemente agressivo no espaço público português mostram bem que estamos perante um relatório encomendado e incentivado pelo Governo português”, lamentam os dirigentes do partido nacionalista.

O referido relatório sobre o extremismo de direita na Europa, divulgado esta terça-feira, assinala a “normalização” política do Chega em 2020 e alerta para a “possibilidade de radicalização das formas de protesto da extrema-direita portuguesa”.

“A infiltração de extrema-direita nos protestos por melhores condições de vida, como é o caso dos pequenos e médios empresários, deverá continuar. E não se pode, neste caso, com o agravamento da crise social e económica, excluir a possibilidade de radicalização nas formas de protesto da extrema-direita portuguesa”, alerta o relatório “Estado de ódio – o extremismo de direita na Europa”.

Em Portugal, são identificados seis grupos ligados à extrema-direita. O Chega é identificado como populista radical de direita, o Ergue-te (ex-PNR) de extrema-direita, os grupos Escudo Indentitário e Associação Portugueses Primeiro são considerados identitários, Hammer Skin neo-nazis e o Movimento Zero, movimento não orgânico nas polícias, é definido como populistas de extrema-direita.

Assinala-se ainda a criação de novos grupos como a Resistência Nacional, “responsável por uma concentração em frente à sede do SOS Racismo”, em que os manifestantes envergaram máscaras e usaram tochas, e o movimento Defender Portugal.

O documento destaca que o racismo em Portugal foi evidente numa série de atos violentos, como a agressão de uma mulher num autocarro, pela polícia, por o filho não ter bilhete; ou ainda pela morte, nas ruas num subúrbio de Lisboa, de um ator, Bruno Candé, por um homem que o mandou “para a senzala”, um termo que remete para o passado do esclavagismo em África.

A parte portuguesa deste relatório, que retrata a situação em vários países da União Europeia (UE), mas também da Europa de Leste, é da autoria de dois jornalistas que se dedicam ao estudo da extrema-direita, Ricardo Cabral Fernandes e Filipe Teles, que alertam para o risco de a extrema-direita tentar “tirar vantagem da insatisfação, frustração e ressentimento da crise socioeconómica causada pelas medidas para conter a pandemia covid-19”.

ZAP // Lusa

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