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Champions. Operacionais da PSP dizem que Corpo de Intervenção teve ordens para não intervir

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Manuel Fernando Araujo / EPA

Operacionais da PSP argumentam que havia ordens superiores para que o Corpo de Intervenção só atuasse nos casos em que estivesse em causa o perigo de vida.

As noites de sexta-feira e sábado ficaram marcadas por desacatos entre adeptos britânicos do Chelsea e do Manchester City que estavam no Porto para assistir à final da Liga dos Campeões.

Operacionais da PSP contam ao Expresso que o Corpo de Intervenção deveria ter sido chamado mais vezes para repor a ordem pública na Invicta. Fontes operacionais da PSP contactadas pelo jornal têm a convicção de que havia ordens superiores para o Corpo de Intervenção só atuar nos casos em que estivesse em causa o perigo de vida.

“Quando havia desacatos relatados pelas comunicações da polícia as ordens eram quase sempre para a Unidade Especial da Polícia não intervir”, disse uma fonte policial.

Uma das razões para o Corpo de Intervenção não ter atuado terá sido a de Portugal não passar a imagem para o exterior da polícia a carregar sobre os adeptos ingleses mais desordeiros, argumentam operacionais da PSP ouvidos pelo Expresso.

Por sua vez, a Direção Nacional da PSP garante a Unidade do Corpo de Intervenção foi chamada sempre que necessário. “Não houve qualquer indicação de restrições para a sua atuação. Não faz sentido o argumento de não passarmos a imagem de uma polícia musculada. Seria então a de uma polícia fofinha?”, questionou fonte oficial da PSP.

No congresso da Ordem dos Médicos, que se realiza em Coimbra, Marta Temido abordou a questão da final da Liga dos Campeões, classificando o episódio como “um sinal do que são os difíceis equilíbrios que neste momento todos somos chamados a encontrar”.

“Por um lado a propensão natural das pessoas para terem uma vida mais normal possível, por outro lado aquilo que é a exigência sanitária, da qual temos que manter o cuidadoso respeito”, disse a ministra da Saúde.

Confrontada pelos jornalistas com o pedido de demissão de António Costa, feito pelo presidente do FC Porto, Pinto da Costa, Temido recusou comentar.

“O que posso dizer é que todos nós temos de aprender com o que corre porventura menos bem. E houve momentos da Champions que correram como estava previsto e houve outros momentos que por força daquilo que foi a abertura de circulação nacionais de outros estados vieram juntar-se àquilo que era o movimento previsto de deslocação de acordo com determinadas regras”, explicou.

Marta Temido acrescentou ainda que é preciso “apreciar cuidadosamente aquilo que são as regras pelas quais vamos continuar a reger-nos nos próximos tempos”.

Já no Parlamento, António Costa disse que “quando foram fixadas as regras não estavam ainda abertas as fronteiras” e o que ficou fixado foi que os 12 mil adeptos viriam em bolha: “9 mil pessoas, 80% vieram nessas condições”.

O primeiro-ministro admitiu que as coisas não correram na perfeição, uma vez que as fronteiras reabriram entretanto.

“Não correu tudo bem”, mas “ninguém melhor que as forças de segurança podem avaliar qual o melhor modo de atuação” e elas têm “privilegiado sempre a prática pedagógica”, disse António Costa.

O secretário-geral adjunto do PS disse hoje que “nos próximos dias” deverá haver uma explicação sobre a organização da final da Liga dos Campeões no Porto.

“Julgo que nos próximos dias haverá uma explicação sobre a organização [da final da Liga dos Campeões] e sobre os cuidados que houve com a organização”, afirmou José Luís Carneiro à margem de uma reunião com o reitor da Universidade do Porto (UP).

Dizendo ser necessário “aguardar pela pronúncia das autoridades responsáveis pela organização do evento”, o socialista vincou ser “importante olhar” para todos os cuidados que foram adotados e “porventura para o que tenha falhado”.

“Vamos aguardar pela explicação das autoridades que vão permitir-nos tomar conhecimento de todos os esforços que foram feitos para garantir que o evento, que projetou Portugal para todo o mundo, tenha corrido nalguns aspetos muito bem e, noutros, eventualmente menos bem”, frisou José Luís Carneiro.

A final da Liga dos Campeões decorreu no Porto, no sábado, num jogo com a presença de adeptos ingleses, que durante os últimos dias estiveram aglomerados no centro da cidade, a maioria sem cumprir as regras ditadas pela pandemia de covid-19, como o uso de máscara e o distanciamento físico.

Zonas onde estiveram os ingleses vão ser alvo de rastreio

A coordenadora dos planos nacionais de desconfinamento e consultora da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, Raquel Duarte, confirmou ao Expresso que vai ser efetuada uma operação de rastreio à covid-19 nos locais onde estiveram concentrados mais adeptos ingleses.

O objetivo é encontrar rapidamente eventuais casos de disseminação da infeção entre a população local, desde logo entre profissionais da restauração.

As autoridades de saúde também pediram a quem esteve no local que aumente as cautelas durante os próximos 14 dias. Fazer teste rápido, estar atento a sintomas da doença, reforçar o distanciamento físico, usar máscara, higienizar as mãos e ventilar os espaços são as principais recomendações.

Daniel Costa, ZAP //

2 Comments

  1. a ser verdade. é tudo uma vergonha
    por isto é que os outros povos gozam com portugal e com os portugueses. fazem o que querem e nada lhes acontece
    por isto é que os governantes dizem que nao têm problemas com este tipo de situaçoes, pois nao sao eles que andam na linha da frente, nao levam com objectos, nao sao insultados, etc

  2. “havia ordens superiores para o Corpo de Intervenção só atuar nos casos em que estivesse em causa o perigo de vida.” Então ficar infetado não é perigo de vida? Se é possivel um tipo andar á pancada com outro, ser considerado “perigo de vida”, então porque é que o pessoal anda “tudo ao monte” sem máscaras não é considerado “perigo de vida”? Realmente há “alguém” com a prioridades bem trocadas…

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