De volta a casa (com 3 horas de atraso): Hamas não cumpriu e Israel atacou em dia de cessar-fogo

HAITHAM IMAD/EPA

Palestinianos deslocados a caminho de Rafah, perto de Khan Yunis, onde se refugiaram, no sul da Faixa de Gaza.

Hamas já divulgou, no entanto, os nomes dos três reféns que serão libertados este domingo, depois de Israel garantir que continuaria a atacar se não tivesse essa lista.”Mais de 1.890 palestinianos” vão ser trocados por 33 reféns.

O cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza entrou em vigor às 11:15 locais (9:15 em Lisboa), anunciou o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Por volta do meio-dia, começaram a entrar em Gaza camiões com ajuda humanitária.

O cessar-fogo já começou também a fazer regressar a casa os deslocados de Gaza, enquanto Israel aguarda os três reféns, que serão entregues esta tarde em troca de 90 prisioneiros palestinianos.

O cessar-fogo, que deveria vigorar a partir das 08:30 locais (06:30 em Lisboa), foi adiado, tendo o Exército israelita efetuado ataques de manhã no norte da Faixa de Gaza depois dessa hora, observou um jornalista da AFP em Sderot, já depois das 07h00.

O primeiro-ministro israelita garantiu este sábado que Israel continuaria a combater em Gaza até que os nomes dos reféns a ser libertados este domingo fossem entregues, em conformidade com o acordo.

O Hamas divulgou no domingo a lista dos três reféns israelitas que vão ser libertados neste primeiro dia de cessar-fogo. Segundo o grupo, são eles Romi Gonen, Doron Steinbrecher e Emily Damary, de acordo com agência de noticias espanhola EFE.

Israel não fez qualquer comentário imediato depois de o braço armado do Hamas ter publicado os nomes nas redes sociais.

Netanyahu avisou uma hora antes da entrada em vigor do cessar-fogo que o grupo islamita palestiniano ainda não tinha indicado os três nomes, pelo que a trégua não seria concretizada. O Hamas, por seu lado, manifestou-se comprometido com o acordo de cessar-fogo, referindo que o atraso na sua entrada em vigor deve-se a “razões técnicas no terreno”, sem fornecer mais detalhes.

Um aviso para os palestinianos

O exército de Israel avisou os habitantes da Faixa de Gaza para não se aproximarem das forças israelitas nem se dirigirem para a zona tampão, antes da entrada em vigor da trégua com o Hamas.

“Pedimos que não se dirijam para a zona tampão ou em direção às forças [militares de Israel]”, escreveu o porta-voz do exército israelita, Avichay Adraee, na plataforma de mensagens Telegram.

“Nesta fase, dirigir-se para a zona tampão ou deslocar-se de sul para norte através do vale de Gaza coloca-vos em perigo. Qualquer pessoa que se dirija para estas áreas está a colocar-se em risco”, acrescentou.

O acordo

A primeira fase do cessar-fogo, repartida por seis semanas, prevê a cessação das hostilidades e a libertação de reféns detidos em Gaza em troca de prisioneiros palestinianos detidos por Israel.

Anunciado na quarta-feira pelos mediadores, o acordo visa, segundo o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed ben Abdelrahmane Al-Thani, conduzir a prazo a “um fim definitivo da guerra”, desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas palestiniano contra Israel em 7 de outubro de 2023, durante o qual os reféns foram raptados.

“Mais de 1890 palestinianos” por 33 reféns israelitas

O Ministério dos Negócios Estrangeiros egípcio anunciou este sábado que Israel se prepara para libertar “mais de 1.890 prisioneiros palestinianos”, em troca de 33 israelitas reféns do movimento islamita palestiniano Hamas, na primeira fase do acordo de cessar-fogo.

O Egito, que mediou as negociações do acordo juntamente com o Qatar e os Estados Unidos, indicou que essa troca ocorrerá durante a primeira fase de 42 dias do acordo destinado a pôr fim à pior guerra da história da Faixa de Gaza.

Anteriormente, tinha sido anunciado que na fase inicial do acordo, além do fim das hostilidades, seriam libertados 737 prisioneiros palestinianos em troca de 33 reféns israelitas.

Os restantes 61 reféns, vivos e mortos, só serão devolvidos a Israel numa fase posterior, cujos termos serão ainda negociados entre as partes, com a ajuda dos mediadores do Egito, Qatar e Estados Unidos.

Extrema-direita deixa Governo (mas pode voltar)

Os seis deputados do partido israelita de extrema-direita Poder Judaico, do ministro Itamar Ben Gvir, vão abandonar neste domingo a coligação governamental, em protesto contra o acordo de cessar-fogo em Gaza, perdendo o executivo a maioria parlamentar.

Num comunicado, o Poder Judaico anunciou que sairá da coligação “à luz da aprovação do arriscado acordo com a organização islamita Hamas”, tal como Ben Gvir já ameaçara na quinta-feira que faria.

A saída de seis parlamentares do Poder Judaico deixará a coligação de Governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, com 59 representantes, abaixo dos 61 necessários para ter a maioria parlamentar, embora a oposição não tenha apoios suficientes para assumir o poder executivo.

Na quinta-feira, Ben Gvir assegurou que regressaria ao Governo se a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza fosse retomada, o que significaria o fim do cessar-fogo no final da sua primeira fase, de 42 dias.

ZAP // Lusa

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