E agora? A pergunta que fica após noite eleitoral histórica

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Tiago Petinga / LUSA

Luís Montenegro e AD na noite eleitoral 2024

AD ganha mas com margem muito escassa, quando ainda faltam os votos dos emigrantes. Prevê-se cenário de incerteza política.

A Aliança Democrática (AD) venceu as eleições legislativas 2024 no território nacional.

Já eram cerca de 1h30 da madrugada de domingo quando a contagem foi encerrada: 79 deputados para AD, 77 deputados para Partido Socialista (PS).

Uma margem muito escassa, que ainda pode ser alterada (embora seja pouco provável) por causa dos 4 deputados provenientes dos votos dos emigrantes, cujos números só serão divulgados no dia 20 de Março.

Luís Montenegro já disse que espera ser indigitado por Marcelo Rebelo de Sousa para ser o próximo primeiro-ministro. É o cenário quase certo porque a esquerda, mesmo toda junta, consegue ultrapassar a AD (ou AD+IL) mas não consegue ter maioria absoluta por causa do Chega. Não vai haver outra “geringonça”.

Sobra o Chega, que com 48 deputados facilmente originaria maioria absoluta à direita. André Ventura disse claramente: “O nosso mandato é para governar”.

Mas Montenegro manteve, no discurso de vitória, o que disse antes das eleições: não vai convidar o Chega para o Executivo.

Partindo desse princípio: e agora?

Agora as atenções viram-se para a esquerda. E esquerda é quase sinónimo de PS, já que os outros partidos de esquerda, juntos, só têm 13 deputados.

Pedro Nuno Santos deixou três garantias centrais, na noite passada: o PS será oposição, não vai suportar um Governo da AD e não vai apoiar o Chega em eventuais moções de censura – tal como não vai aprovar moções de confiança.

É cedo para adivinhar o que vai acontecer. Pode ser precipitado lançar cenários caóticos. Mas, ainda antes do fecho dos resultados eleitorais, já se falava em novas eleições, ainda em 2024. Embora a dissolução só seja permitida daqui a seis meses.

A incerteza é evidente mas, primeiro, é possível que a AD até nem mexa (ou mexa pouco) no Orçamento do Estado 2024. O documento elaborado pelo PS poderá ficar em vigor até ao fim deste ano. Depois, em futuros Orçamentos, haverá novamente foco nos socialistas: se o PS se abstiver, o documento tem aprovação garantida, mesmo que todos os outros partidos o rejeitem.

Pedro Nuno disse que não vai suportar um Governo da AD, que não vai ser “muleta” dos adversários; mas também disse que não vai chumbar um Governo da AD. Poderá haver uma análise caso a caso, quase proposta a proposta, com ou sem viabilização? Não se sabe.

A abstenção – palavra que foi uma das grandes vitórias neste domingo – pode continuar a ser crucial ao longo dos próximos meses, ou anos. Uma abstenção socialista, ainda difícil de se prever.

Recorde-se que Pedro Nuno Santos disse (várias vezes) que um bloco central, formado por AD e PS, seria “mau para a democracia”.

A AD, nomeadamente o CDS através de Nuno Melo e Manuel Monteiro, já pediu, quase exigiu, condições de governabilidade – mas essas condições não estão garantidas.

Nas análises políticas, ouvem-se muito as expressões “não sei”, “talvez”, ou “depende”.

Até porque, voltando ao início do artigo, ainda falta contar os votos dos círculos eleitorais de fora de Portugal.

A incerteza reina.

Marcelo não terá dormido muito bem.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

1 Comment

  1. o principal culpado de tudo é o senhor das selfies que acabou com a democracia em Portugal para favorecer o seu partido e colegas de cor politica e deu-se mal porque só ativou a extrema direita

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