Cavaco sobre a situação política: de “muito perigosa” a “muito pior do que esperava”

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António Pedro Santos/LUSA

Luís Montenegro e Cavaco Silva

Antigo primeiro-ministro e Presidente da República recusa fazer comentários, mas vai deixando alertas sobre a situação política em Portugal.

O ex-Presidente da República Cavaco Silva considerou hoje que a situação política, que classificou há dois meses como “muito perigosa”, se deteriorou desde então “muito mais do que antecipava”, sem querer detalhar a que se refere.

No final do lançamento do livro “Crónicas de um País Estagnado”, da autoria do líder parlamentar do PSD e professor universitário Joaquim Miranda Sarmento, e em que esteve sentado ao lado do presidente do PSD, Luís Montenegro, o antigo chefe de Estado foi questionado se concordava com o diagnóstico traçado.

“Vim aqui apenas para me associar ao lançamento do livro do professor Joaquim Sarmento, que foi meu assessor quando desempenhava as funções de Presidente da República”, começou por dizer Cavaco Silva.

Em seguida, e questionado sobre o que pensava de declarações recentes do atual chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, de que não haveria ainda uma alternativa à direita ao atual Governo do PS, o antigo primeiro-ministro deu uma resposta mais elaborada.

“Há poucas semanas disse que a situação política em Portugal estava muito perigosa. De então para cá, ela deteriorou-se muito mais do que aquilo que eu então antecipava. Neste contexto, entendo que não devo fazer quaisquer comentários”, afirmou, sem querer esclarecer, em concreto, a que se refere.

Em 15 de fevereiro, na Figueira da Foz, Cavaco Silva tinha recorrido a esta expressão, igualmente sem detalhar.

“Eu tenho sido muito solicitado para falar sobre a situação política do nosso país. Mas considero que, da minha parte, não é tempo de falar, porque considero que a nossa situação política é, neste momento, muito perigosa e eu não quero atirar achas para a fogueira”, frisou Cavaco Silva.

“Por isso, peço-lhe desculpa em não acrescentar mais nada do que aquilo que há pouco disse naquele microfone”, sublinhou então.

Na segunda-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afastou novamente um cenário de dissolução, invocando a conjuntura e falta de “uma alternativa óbvia em termos políticos”, e desafiou a oposição a “transformar aquilo que é somatório dos números” nas sondagens “numa alternativa política que seja uma realidade suficientemente forte para os portugueses dizerem: no futuro temos esta alternativa”.

// Lusa

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5 Comments

  1. «…O sistema político da Constituição de 1976 está gasto, transformou a Democracia, Esperança do 25 de Abril, num “ancien régime”.
    Transformou-A numa partidocracia subordinada a várias oligarquias, onde impera o poder do dinheiro e não o Primado da Pessoa Humana, nem a soberania do Povo.
    O Estado Social vem sendo descaradamente destruído e agravam-se as desigualdades sociais.
    Os menos esclarecidos julgam que os centros de decisão mais importantes ainda estão nos Partidos, e não, como agora, nas sociedades secretas cujos interesses financeiros, protegidos por uma desregulação selvagem, dominam o Estado. Portugal, por culpa da passividade e da incompetência, foi transformado num protectorado de uma Europa sem coragem de se autoconstruir, afundada no Relativismo e rejeitando Princípios, Valores e Ideologias.
    Está assim comprometido o Interesse Nacional e o Bem Comum dos Portugueses.
    Também a posse das máquinas informativas pelos poderes aqui denunciados, ajuda a convencer os Portugueses de que não há outro caminho de Regeneração, de Democracia e de Desenvolvimento Integral da Pátria, a não ser o deste percurso de “apagada e vil tristeza” por onde nos forçam os “velhos do Restelo” do século XXI português.
    Os socialmente mais débeis são os mais covardemente atingidos e sofredores, porque assim o escolheram as oligarquias e as sociedade secretas.
    A crise tinha de ser enfrentada, mas não desta maneira de genocídio social…» – Alberto João Jardim in a «Tomada da Bastilha»

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