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Cavaco exonerou consultores que assinaram manifesto

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O Presidente da República, Cavaco SIlva

O Presidente da República, Cavaco SIlva

O Presidente da República exonerou hoje dos seus cargos de consultores da Presidência da República o ex-ministro da Agricultura Sevinate Pinto e o antigo secretário de Estado Vítor Martins, disse fonte de Belém.

A fonte confirmava assim a notícia avançada no ‘site’ do semanário Expresso sobre a exoneração dos dois consultores do chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, que tinham assinado o “manifesto dos 70”, que defende a reestruturação da dívida portuguesa.

O antigo ministro da Agricultura Sevinate Pinto desempenhava o cargo de consultor para a Agricultura e Vítor Martins, que foi secretário de Estado dos Assuntos Europeus num dos Governo de Cavaco Silva, era consultor para os Assuntos Europeus.

Segundo o Expresso, a exoneração foi feita a pedido dos próprios e nenhum dos dois consultores informou previamente o chefe de Estado da sua iniciativa de subscrever o “manifesto dos 70”.

Em declarações anteriores ao semanário, Sevinate Pinto disse ter subscrito o documento “num assomo de liberdade” e admitiu que dois pontos do manifesto lhe levantaram ‘reticências’: o título e a oportunidade.

“O termo renegociação tem uma conotação negativa por dar a ideia de que não queremos pagar, quando não é isso. Trata-se de defender uma renegociação no quadro europeu”, afirmou o ex-ministro ao Expresso, reconhecendo também que a oportunidade de tornar público o documento, a dois meses de Portugal fechar o programa de ajustamento, é questionável.

O manifesto divulgado na terça-feira, subscrito por 74 personalidades, considera que a dívida pública de Portugal é insustentável e que não permite ao país crescer, defendendo uma reestruturação que deve ocorrer no quadro europeu.

“No futuro próximo, os processos de reestruturação das dívidas de Portugal e de outros países – Portugal não é caso único – deverão ocorrer no espaço institucional europeu, embora provavelmente a contragosto, designadamente dos responsáveis alemães. Mas reações a contragosto dos responsáveis alemães não se traduzem necessariamente em posições de veto irreversível”, lê-se no texto divulgado na íntegra pelo jornal Público.

O manifesto foi subscrito por personalidades, quer de esquerda, quer de direita, entre as quais se destacam a ex-presidente do PSD e ex-ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite, assim como ex-ministro das Finanças conotado com CDS-PP Bagão Félix, o fundador do CDS Freitas do Amaral, o ex-líder do BE Francisco Louçã, o ex-líder da CGTP-IN Carvalho da Silva e o ex-ministro socialista João Cravinho.

Hoje de manhã o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, acusou os subscritores do manifesto pela reestruturação da dívida de serem “os mesmos que falavam na espiral recessiva” e citou o Presidente da República, Cavaco Silva, apoiando a ideia expressa pelo chefe de Estado no passado segundo a qual falar em reestruturação da dívida seria um ato de “masoquismo”.

/Lusa

1 Comment

  1. Durante algumas horas tive a secreta esperança que Cavaco Silva se tivesse, por uma vez que fosse, transformado em presidente de todos os portugueses. Afinal o manifesto dos 70 ia ao encontro do apregoado consenso vindo da sociedade civil em direção à classe política. Afinal tudo não passou de um inestimável equívoco. Cavaco Silva mantém-se firme e hirto no apoio ao governo do país, na sua posição a favor dos credores e dos mercados, contra os portugueses. O apregoado consenso continua a ser uma tentativa de imposição do ponto de vista de quem, neste momento, governa o país. É difícil chegar a um acordo quando o que se pede é a capitulação de uma das partes.

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