Catarina Martins: “percebo tão bem a revolta” por não ter aprovado o OE

1

Manuel de Almeida / Lusa

Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda (BE)

Catarina Martins ouve “desilusão” por não ter aprovado OE e responde: “Percebo tão bem a revolta, mas não se enganem com sorrisos da direita”.

Segundo o Observador, na feira de Espinho, a coordenadora bloquista foi recebida com gritos de alegria mas também desiludidos com a crise política. Respondeu com falhas do PS, mas assumiu que compreende a revolta.

Catarina Martins arrancou a segunda semana de campanha na feira de Espinho, onde ouviu muitos gritos de apoio, incluindo feirantes que lançaram cânticos e gritos pelo nome da líder bloquista e elogios por ser uma “mulher rija”.

No entanto, também se ouviram várias críticas de quem não percebeu a decisão do Bloco de chumbar o Orçamento.

Enquanto passava, dois pensionistas discutiam. “Se ela tivesse assinado o Orçamento era melhor, eu recebia mais dez euros”. Ao que o segundo responde “E para que é que eu quero dez euros?“. “Eu queria”, assume o primeiro.

Uns metros à frente, uma mulher também se revoltou e criticou os detalhes do processo orçamental.

“Estou muito zangada consigo, vimos para estas eleições sem necessidade nenhuma! Sabe que quem vai ganhar é a abstenção e quem vai subir é o traste do André Ventura. Isto tem algum jeito… É uma irresponsabilidade e uma falta de bom senso”.

Num tom mais baixo, outra mulher deixou um recado à líder do Bloco: “Vocês entregaram isto à direita… Estou muito desiludida“.

Por entre uma discussão com um homem que se queixava da falta de apoios para o filho deficiente, Catarina Martins assegurou que era um problema das respostas curtas asseguradas pelo Governo PS.

A líder entrou também em diálogo aceso com dois lesados do BES, a quem Mariana Mortágua, ao lado de Catarina, assegurava que “não há outro partido que faça tanto pelos lesados desde o início”. Entretanto, a líder do Bloco lá chegou ao fim da feira para falar aos jornalistas.

Catarina Martins assegurou: “Ouço as perguntas que as pessoas fazem e sinto a sua revolta”. Mas virou-se para o que ontem, num comício em Lisboa, definia como “os esquecidos do PS”.

“Muitas pessoas estão revoltadas porque o que lhes foi prometido não aconteceu. Sentem-se esquecidas”. A ideia era a ponte para repetir o mantra do Bloco de Esquerda nestas eleições.

“É por isso tão importante que estas eleições sejam para desbloquear soluções. As pessoas queixam-se da situação de estagnação que o PS propunha. Esta revolta é preciso ouvi-la, porque as pessoas têm razão, sim. Temos de ter a responsabilidade de construir soluções”.

Foi depois de apontar ao PS por não ter querido negociar soluções com o Bloco e à direita por querer “privatizar a Segurança Social e a Saúde” que, perante a insistência dos jornalistas sobre a revolta de quem tinha apontado culpas diretamente ao Bloco respondeu.

“Percebo que as pessoas estejam revoltadas. Eu preferia que tivessem existido soluções, claro que sim. Lutámos por elas todos os dias. Ouviram-nos dizer ao longo de dois anos que era preciso um contrato que desse estabilidade ao país. Percebo tão bem a revolta de quem se sentiu abandonado”.

“Digo só que não se enganem: a direita que aparece com sorrisos nesta campanha não tem falado do seu programa porque só tem mais dificuldades para acrescentar”.

Quanto a Costa, que ontem dizia “não receber lições de Catarina Martins” e sugeria à líder bloquista que pedisse desculpas ao país por ter chumbado os últimos Orçamentos, recusou responder na mesma moeda.

“Se esta campanha for respostas mais ou menos vazias ou provocações uns aos outros, não tem nenhum interesse. O que tem interesse é construirmos soluções. Diga-se o que se disser na campanha, o que vale são os votos. A nossa responsabilidade é criar maiorias que afastem a direita e criem um Governo com estabilidade”, afirmou o primeiro-ministro.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.