O texto foi escrito há 22 anos e foi agora encontrado numa parede como uma espécie de “cápsula do tempo”. A ideia era que só fosse descoberta em 2060.
Greg Wilkison é o autor da carta, que foi escrita a 15 de abril de 1995, um dia em que “chovia que se fartava”, nos subúrbios de Sydney. No texto, o australiano, agora com 61 anos, que nasceu no Zimbabué, fez algumas previsões de como esperava que o mundo estivesse em 2060 e uma descrição da sua realidade naquele momento.
Quis o destino que a encontrassem antes disso, em 2017. A carta, que estava dentro da parede da casa-de-banho foi encontrada por quem andava a remodelar a moradia. Greg queria que a carta não fosse aberta “nos próximos 50-80 anos seguintes”, mas não passou mais de 22 anos na parede. Juntamente com a carta estava uma fotografia do casal.
O plano não resultou – algo que, aliás, o próprio previra que poderia acontecer. A casa foi remodelada em 2017 e, durante as obras, o texto foi encontrado. Publicado na semana passada nas redes sociais, está a fazer sucesso e a ser notícia em todo o mundo.
Greg Wilkinson disse ao Sydney Morning Herald que ficou com as “lágrimas nos olhos” quando soube que a sua missiva fora encontrada. “Quando vi a carta no Facebook, senti-me um pouco violentado, mas quando pensei melhor, é bem claro o progresso da Internet nos últimos 22 anos. Sem ela, como poderiam ter-me encontrado?!”.
No texto, Wilkinson começa por descrever que comprou a casa em 1989 por 170 mil dólares australianos – cerca de 116 mil euros. Estava inabitável, pelo que requereu obras profundas. Foi precisamente antes de terminar uma parede numa das casas-de-banho que criou a “cápsula do tempo”.
De seguida, lista os preços de alguns bens de consumo, para que se compare com os preços do futuro, e descreve o panorama político australiano desse tempo. Wilkinson falava dos preços da altura, em que, por exemplo, um pão de forma custava 1,54 euros. Paul Keating era o primeiro-ministro de então e a Internet estava em alta.
É a partir daqui que a idade do texto se torna mais evidente: “Esta carta foi criada usando Word para Windows 5.0 num portátil 486 com 8MB de RAM e 240MB de disco“, lê-se. “A impressora é uma Canon Bubble jet BJ-10sx. Este equipamento está próximo do topo de gama dos PC atualmente. Os processadores Pentium acabaram de sair, mas a Intel está a ter problemas com eles”.
Quanto às previsões, Greg esperava que, em 2060 a China fosse “semi-democrática” e tivesse já assumido o estatuto de “uma superpotência económica mundial“. E apesar de saber que a Austrália “não ganharia uma guerra com eles”, acreditava que a convivência pacífica era possível.
Por isso, escreve Greg Wilkinson, “a Austrália será invejada por todo o mundo. É um ótimo país para viver e continuará a ser uma nação multicultural”.
Além disso, o australiano previu também que o Islão se tornaria num problema ideológico em várias partes do mundo e que, por isso, mergulharia numa “guerra santa“.
Faltam 43 anos para sabermos se Greg Wilkinson tinha ou não razão.
Relativamente ao Islão, já acertou: é efectivamente um problema crescente