Depois do vinho verde, a carne barrosã. Ministro lança desafio à líder do PAN

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PSD / Flickr

José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura e Pescas

O ministro da Agricultura e Pescas desafiou a líder do PAN Inês de Sousa Real que é vegetariana a comer carne barrosã para demonstrar “tolerância e moderação”, mostrando-se disponível para provar uma francesinha vegan.

Há cerca de quinze dias, o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, envolveu-se numa polémica com nutricionistas depois de ter dito que as pessoas vivem mais “onde se bebe [vinho] tinto verde”.

Agora, o governante pode comprar uma guerra com os vegetarianos depois de um desafio lançado à porta-voz do PAN – Partido Animais e Natureza.

Inês de Sousa Real começou por desafiar o ministro da Agricultura a aderir à iniciativa “segundas-feiras sem carne” no Parlamento, que foi proposta pelo PAN.

“Se todos passássemos a uma dieta vegan, não acha que isso tinha implicações económicas, mas também ambientais?”, questionou José Manuel Fernandes numa audição parlamentar conjunta com as comissões de Orçamento, Finanças e Administração Pública e Agricultura.

Mas o ministro tratou de realçar que é “um moderado e defensor da biodiversidade” e aceitou o desafio de provar uma francesinha vegan com Inês Sousa Real, se esta o acompanhar numa refeição de “francesinha de carne barrosã”.

A aceitação do desafio por parte da líder e deputada do PAN seria “uma forma de defender a biodiversidade e de mostrarmos também tolerância“, reforçou José Manuel Fernandes.

Inês de Sousa Real que é vegan recusa convite

Inês Sousa Real fez questão de manifestar que não aceitaria o desafio ainda durante a intervenção do ministro na comissão parlamentar, acenando com a cabeça em sinal negativo.

“Se as raças podem estar em risco de extinção, comê-las não será certamente a melhor estratégia de preservação”, acrescentou a líder do PAN na rede social X, reforçando que terá de “declinar o convite deixado pelo senhor ministro”.

Inês de Sousa Real já tinha criticado o ministro da Agricultura por ter saído “em defesa do lobby da pecuária, sector responsável pela emissão de 6,2 mil milhões de toneladas de CO₂ por ano”, como sublinhou na rede social X.

Um dia sem carne no Parlamento

No passado dia 1 de novembro, o dia mundial do veganismo, o PAN apresentou na Assembleia da República uma iniciativa para implementar as “segundas-feiras sem carne”, argumentando com o respectivo impacto no aquecimento global e na saúde.

O partido citou dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) que indicam que as emissões de gases com efeitos de estufa associadas à produção pecuária representam cerca de 12% do total das emissões de origem humana.

“Em plena crise climática, sugerir um dia sem carne no Parlamento não é uma imposição, mas sim uma acção de responsabilidade e de visão de futuro”, escreveu Inês de Sousa Real no X.

“Se queremos reduzir as emissões e preservar o planeta, é hora de avançar com medidas concretas — a começar pela casa da democracia”, reforçou a deputada, notando que “a sustentabilidade também se constrói com as opções que escolhemos colocar no prato”.

ZAP // Lusa

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4 Comments

  1. Se a senhora deputada propusesse a abolição do restaurante no parlamento e todos os deputados, fizessem como todos os trabalhadores, comessem cá fora do seu bolso, isso é que era de louvar.

  2. Não é preciso ser vegan ou vegetariano para perceber que comer carne é semelhante a andar num carro de combustão de fosseis.
    É tudo uma questão de hábitos e oferta do mercado. Quando houver oferta suficiente com preços que reflectem os custos de produção e acessibilidade, então os hábitos se adaptem.
    Transição sem fanatismos

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