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Cáritas de Lisboa tem mais de 2 milhões de euros no banco

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O Ministério Público instaurou um inquérito com base numa denúncia contra o presidente da Cáritas de Lisboa e o responsável pelas finanças. Uma investigação do jornal Público revela que a instituição retém 2,4 milhões de euros no banco.

Uma investigação do jornal Público, publicada esta quinta-feira, revela que a Cáritas de Lisboa tem, há mais de uma década, mais de 2,4 milhões de euros no banco, além de imóveis avaliados em quase 1,4 milhões de euros.

Segundo o jornal, que teve acesso a vários documentos, as contas da instituição criada pela igreja católica “não batem certo” com os dados apresentados pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social.

Um exemplo dessas contradições é o facto da instituição ter recebido, em 2014, doações particulares num total de 325 mil euros, tendo gasto na ajuda aos mais desfavorecidos apenas 147 mil, dos quais pouco mais de onze mil se destinaram a ajudas diretas a famílias.

Questionada sobre o diário sobre a ampla almofada financeira que mantém no banco, a direção da Cáritas de Lisboa justifica-se com a necessidade de acautelar o agravamento da crise económica e social.

“A atual direção tem procurado, enquanto fiel depositária destes bens, que se encontram ao serviço da Igreja Diocesana, recorrer à sua utilização sempre que necessário, procurando para os restantes valores, cautelarmente, que não se desatualizem em termos de valor, acautelando-se necessidades futuras”, explica a direção.

De acordo com o Público, o Ministério Público já abriu um inquérito, na sequência de uma denúncia efetuada por dois advogados e um notário aposentado que apontam para a prática de burla qualificada.

Entre os visados estão o presidente da instituição, José Carlos Frias Gomes, e o cónego Álvaro Bizarro, responsável pelas finanças do Patriarcado de Lisboa.

Reserva financeira para assegurar períodos mais frágeis

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Cáritas Diocesana de Lisboa, José Frias Gomes, admitiu que a instituição tem uma reserva financeira, explicando que esta se destina a assegurar financiamentos quando os valores dos donativos não cheguem para as necessidades.

“Temos alguma reserva para dar apoio ao financiamento de uma instituição que não é só de dádivas”, presta também “muito serviço” à comunidade, através do centro local de apoio a imigrantes, de uma escola, creche, do atendimento social e da formação.

Para José Frias Gomes, “as coisas não podem ser expostas de uma maneira tão linear”.

“Quando as pessoas nos dão um cêntimo é evidente que esse cêntimo não pode ser só revertido numa doação. Esse cêntimo ajuda-nos a suportar os serviços que prestamos porque da contratualização que temos com o Estado, quer para a creche, quer para o lar, isso rondará 40% da nossa atividade“, adiantou.

Há 60% que a instituição tem de angariar através do peditório e da consignação do IRS. Este financiamento “não vem de outro lado, é o que as pessoas nos derem. Se não nos dão nós não temos”.

“Daí a preocupação de termos alguma margem financeira porque não sabemos o dia de amanhã e temos responsabilidades quer para aquelas pessoas que necessitam dos nossos serviços quer para os 50 trabalhadores”, sublinhou.

José Frias Gomes salientou ainda que as contas da instituição são “absolutamente escrutinadas” e estão expostas no site da instituição, através dos relatórios anuais e mensais.

“Estamos certificados pela qualidade de acordo com a norma europeia 9001 de 2008 para as valências principais, nomeadamente creches, lar e atendimento social”, acrescentou.

Sobre as discrepâncias dos números divulgados pelo jornal, disse que podem estar relacionados “com a leitura das rubricas contabilísticas” que o jornalista “leu ou alguém lhe leu”.

José Frias Gomes disse que tomou conhecimento do inquérito do MP na quarta-feira, através do jornal, e que já pediu esclarecimentos junto da Procuradoria-Geral da República.

“Neste momento, o que posso dizer é que os nossos advogados contactaram as instâncias judiciais a perguntar se existe alguma coisa e se existe se podemos ter acesso ao processo”, frisou.

ZAP // Lusa

16 Comments

  1. Já há alguém a querer por a mão no dinheiro da Cáritas como o Estado fez à Misericórdia de Lisboa. As pessoas doam o dinheiro ou os bens e depois vai lá o Estado, a pretexto de moralizar e rouba descaradamente o que é duma entidade particular. Porra, ainda bem que eu não tenho dinheiro no banco senão também lá mo iam roubar com base numa «investigação» do púbico ou de outro publico qualquer. Sacanas!”

    • TENS PIADA…CARITAS devia ter vergonha de andar a mamar o dinheiro do povo para ajudar meia dúzia de pessoas e estarem com as contas recheadas…mas não são os únicos. Investiguem as igrejas, fábricas de igreja, misericórdias e vão achar contas bancárias recheadas e grande património. As pessoas doaram o dinheiro para que outras fossem ajudadas e não para andar a pagar almoçaradas e sabe-se lá mais o quê…

  2. Nunca acreditei nestas instituições, e por isso nunca contribui para esses milhões. recebem das pessoas generosas, e de boa fé, bolos com com todo o carinho, e esta gentinha, apenas distribui as migalhas. O resto, á cautela, fica guardado para eles, não vá o diabo tecelas. deve haver aqui, uma espécie de ordem dos enfermeiros.

    Estes não são únicos. A sorte, é que tudo está vindo á luz do dia, e essa gente está sendo desmascarada.

  3. Com o país a morrer de fome, a ficar sem teto, sem trabalho. Já não falando dos refugiados com crianças a morrerem à fome e ao frio e em pais com a Venezuela morrendo com falta de medicamentos, e edta instituição com o dinheiro guardado a ganhar bolor!… isto nem é para crer! !!

    • Na Venezuela a morrer com falta de medicamentos? Deve estar a brincar. Com o maduro e anteriormente com o Huguito e ainda fala em gente a morrer por isso?? Aquilo é um paraíso como era o paraíso de leste. Igual àquilo só em cuba. No feudo dos castros. Se não acredita pergunte ao cassete jerónimo ou à miss pigy do berloque.

  4. Sempre coloquei um ponto de interrogação nessas instituições Já em tempo dei alguma esmola em dinheiro dentro das minhas possibilidades. São verbas dadas com carinho e de boa fé. Quem gere tais quantias é que não tem fé nenhuma, apenas distribui as migalhas. O resto, fica guardado para…
    A investigar não deve ser só a Caritas…

  5. Por esa ordem de ideias nenhuma instituiçao pode ter reserva financeira que vem logo uma caça ás bruxas.
    Se os fieis depositarios ou adminisradores apresentam contas, e teem responsabilidades sociais, aceito que devam ter reservas financeiras. Se nao correm o risco de um dia terem de ir pedir emprestimos ao banco e sujeitarem se a pagamento de taxas de juro, sujeitamdo se a esquemas de usura, e alimentar o negocio dos bancos com as dadivas dos que generosamente querem ajudar quem precisa.

  6. Manuel
    Investiguem, investiguem, que tudo seja esclarecido. Mas seria bom que investigassem também porque, mais de 40 anos depois da implantação da Democracia em Portugal, um cidadão português foi impedido de falar publicamente numa universidade pública.É que no período da censura isto acontecia…era proibido falar sobre as guerras coloniais….lembram-se?

  7. “Daí a preocupação de termos alguma margem financeira porque não sabemos o dia de amanhã e temos responsabilidades quer para aquelas pessoas que necessitam dos nossos serviços quer para os 50 trabalhadores”… Estes são católicos que nem confiam na Providência Divina? E os números? “mais de 2,4 milhões de euros no banco”; “recebido, em 2014, doações particulares num total de 325 mil euros”; “gasto na ajuda aos mais desfavorecidos apenas 147 mil, dos quais 11.314 correspondem a ajudas diretas de 319 familias = 35,5€ por família!!!!!!!!!!!Estes que conhecem o Evangelho , menos o cumprem. Hipocrisia instalada no deus dinheiro!!! E o Evangelho desta semana bem diz:”Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”

    pouco mais de onze mil se destinaram a ajudas diretas a famílias.

  8. Mas que paradoxo destes falsos moralistas! Vivem à grande e à francesa à conta das pessoas humildes, que no seu obscurantismo/ignorância, isto é, com falta de conhecimentos ,alimentam as crendices e os milagres – milagres? Foi chão que já deu uvas… Razão tem o Papa Francisco: “mais vale ser ateu do que católico hipócrita”. Aconselho a leitura da revista Visão nº 39, de Janeiro passado. – Vão saber quem foi John Mathias Haffer, esta personagem deixou esta frase bastante elucidativa “Satanás faz o seu melhor, mas a nossa senhora faz ainda melhor” e qual foi a finalidade em formar o Exercito Azul, desde 2005 transformado, em Apostolado Mundial de Fátima.
    Tentem saber o que é a Opus Dei – as obras corporativas do Opus Dei, atualmente, incluem 15 Univ., 7 Hospitais, 11 faculdades de administração, 36 escolas de ensino fundamental e médio, 97 escolas vocacionais-técnicas e 166 residências universitária. A Opus Dei foi criada em 1928 pelo padre espanhol, São Josemaria Escrivá de Balaguer, também, fundou a Universidade de Navarra, em 1952.

  9. Eu admiro-me como ainda há “tenrinhos” que fazem donativos a estas ditas organizações de solidariedade
    para com os desprotegidos.

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