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Candidatos a Lisboa rejeitam antecipar confinamento. Santa Maria aumenta camas

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José Sena Goulão / Lusa

Os candidatos à Câmara de Lisboa rejeitam que, à semelhança de Sesimbra, Lisboa recue no desconfinamento. Reforço da testagem e dos rastreios são algumas das soluções.

Lisboa já passou o patamar dos 240 casos por 100 mil habitantes. É preciso que Lisboa se mantenha acima deste patamar por duas semanas consecutivas para que haja um retrocesso no desconfinamento. Especialistas pediram ao Governo que tome, desde já, medidas para evitar que a situação em Lisboa piore ainda mais.

Enquanto isso, em Sesimbra, a autarquia tomou a iniciativa de pedir autorização ao Governo para implementar medidas antes de decorridas as duas semanas.

Os candidatos à presidência da Câmara de Lisboa mostraram-se contra a possibilidade de antecipar o confinamento, escreve o jornal Público.

“Tenho defendido há muito tempo que a melhor forma de proteger os lisboetas e todo o comércio é a prevenção. Se hoje Lisboa volta a estar em risco isso deve-se à inação de Fernando Medina”, critica Carlos Moedas, acrescendo que a “vacinação e a testagem devem ser reforçadas, em particular em eventos com maior número de pessoas”.

João Ferreira, candidato pela CDU a Lisboa, reforça que é preciso intensificar o esforço de testagem e o reforço das equipas de rastreio.

“A solução para Lisboa hoje não é diferente da solução que se exigia em Março. Precisamos de intensificar o esforço de testagem, de rastreio e, ao mesmo tempo, avançar com a vacinação junto das faixas etárias onde há uma maior incidência”, disse o deputado no Parlamento Europeu.

O candidato à Câmara de Lisboa argumenta que, aliado a estes esforços de prevenção e contenção da pandemia, deve ser levada a cabo uma “progressiva retoma das várias frentes da vida económica, social, cultural e desportiva”.

Manuela Gonzaga, candidata pelo PAN, entende que o “cordão sanitário tem de estar sempre em cima da mesa”, mas equacionando que, primeiro, há outras medidas que possam ser tomadas, como reforço de testes e rastreios.

Beatriz Gomes Dias, que se candidata pelo Bloco de Esquerda, sugere que “primeiro é preciso ouvir os especialistas” e só depois tomar decisões. Recuar no desconfinamento? “Não cabe aos decisores políticos especular sobre esta situação”, atirou.

O candidato pela Iniciativa Liberal a Lisboa, Bruno Horta Soares, diz ao Público que “a sensação que existe é que ninguém conhece ou reconhece que Fernando Medina ande à procura de soluções para o aumento de casos”. O candidato liberal rejeita o recuo no desconfinamento à semelhança de Sesimbra.

Nuno Graciano, candidato do Chega, não respondeu ao pedido de comentário do matutino.

Hospital Santa Maria aumentou camas

O número de camas de enfermaria destinadas a doentes com covid-19 aumentou de 21 para 42 e as camas de cuidados intensivos de 8 para 14, “no âmbito do processo de antecipação das necessidades assistenciais e planificação da resposta institucional”, refere o centro hospitalar numa resposta enviada à agência Lusa.

O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) tem registado um “aumento paulatino” do número de doentes internados com covid-19, sendo a média etária de 50,2 anos.

Há um mês estavam 14 doentes internados, nove deles em UCI, e na terça-feira eram 34, nove dos quais em cuidados intensivos, números muitos distantes dos registados em fevereiro, no pico da pandemia, quando o CHULN tinha mais de 300 doentes internados, sendo a média etária de 68,7 anos, com 77% dos doentes com mais de 60 anos e 13% com menos 50 anos.

“Desde a última semana de maio que tem vindo a crescer o número de doentes em Santa Maria infetados pelo SARS-CoV-2, sendo o maior número de casos entre os 30 e os 50 anos”, mas já houve situações de jovens “na casa dos 20 anos” e também “mais velhos”, disse à Lusa o diretor do Serviço de Medicina II, António Pais Lacerda.

Segundo o médico, alguns doentes na casa dos 60 anos têm a primeira dose da vacina contra a covid-19.

“A dose total das vacinas é que protege de ter uma doença grave e a doença grave é aquela que pode ser mortal, aquela que leva aos cuidados intensivos, e na realidade não é o que tem acontecido”, salientou.

Até agora, houve apenas um caso de um doente com as duas doses de vacinas. Era uma pessoa com idade avançada, que estava infetada com o SARS-CoV-2, mas a razão do seu internamento foi uma pneumonia bacteriana.

O doente foi tratado e teve alta hospitalar, disse o médico, afirmando que, provavelmente, se não estivesse vacinado teria de ir para cuidados intensivos e poderia até acabar por morrer.

“Portanto, na realidade a vacina dá boa proteção”, salientou Pais Lacerda, responsável pelo Serviço de Medicina II, onde começaram a ser internados os primeiros doentes com covid-19 no Santa Maria.

“Foi o primeiro setor só para doentes covid e depois foram aumentando, aumentando, os setores à medida que vinham mais doentes”, recordou. Com o abrandar da pandemia, tudo foi voltando a “uma certa normalidade”, reduzindo-se o número de camas destinadas à covid-19, porque passaram a ser necessárias mais camas para doentes com outras patologias, ficando só um setor com 21 camas para os infetados com SARS-CoV-2.

“Mesmo nesse setor o número de camas foi reduzindo até meio de maio, altura em que chegámos a ter um único doente infetado, mas rapidamente na segunda metade de maio e agora princípio de junho o número de camas foi sendo ocupado progressivamente”, adiantou.

Neste momento, há pelo menos 42 camas disponíveis para receber os doentes covid-19, mas ainda não estão completamente ocupadas.

“Mas isso traz um outro problema que é diminuir o número de camas para outros doentes, que “continuam a afluir ao serviço de urgência e, às vezes, há alguma dificuldade em arranjar camas disponíveis” para os internar, lamentou António Pais Lacerda.

Portugal registou nas últimas 24 horas mais 1.350 casos confirmados de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, o número diário mais alto desde fevereiro, e mais seis pessoas morreram com covid-19, segundo a Direção-Geral da Saúde.

O número de pessoas internadas subiu para 351, mais cinco do que na terça-feira, das quais 83 em cuidados intensivos.

ZAP //

2 Comments

  1. Pessoalmente acho que se fosse Ovar já estaria com cerca sanitária. Mas como é Lisboa, tudo muda. Dois pesos, duas medidas.
    E seria importante realizar um confinamento. Mas tem de se impedir efetivamente que quem mora na grande Lisboa de sair dessa região, caso contrário vai tudo para o Algarve, adensando assim o problema, através do alargamento a todo o país.

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