Quatro dos cinco candidatos à presidência da Comissão Europeia – atualmente liderada por Durão Barroso – convergiram esta segunda-feira à noite na necessidade de os bancos concederem mais crédito à economia real e em dar prioridade ao emprego, com Martin Schulz a tecer críticas violentas à especulação financeira.
As posições de Jean-Claude Juncker (PPE), Martin Schulz (socialistas), Guy Verhofstadt (liberais) e Ska Keller (verdes) foram assumidas no primeiro debate alargado entre os candidatos à liderança do executivo comunitário, realizado em Maastricht, nos Países Baixos, e que não contou com a participação do grego Alexis Tsipras, candidato do Partido da Esquerda Europeia, que recusou o convite.
O debate, perante uma assistência de centenas de jovens, começou dominado pelos temas económicos e os quatro candidatos, embora assumindo algumas divergências, defenderam unanimemente uma maior aposta na criação de emprego e um reforço do apoio das instituições bancárias às empresas.
Cidadãos europeus
Jean-Claude Juncker, antigo presidente do Eurogrupo e ex-primeiro-ministro do Luxemburgo, admitiu que os eurobonds (títulos de dívida europeus) poderão vir a ser possíveis com uma “maior coordenação das políticas económicas” dos Estados, mas não no estado atual, e afirmou que os bancos “têm de servir a economia real”.
Já o alemão Martin Schulz, atual presidente do Parlamento Europeu, começou a sua intervenção com um forte ataque à “especulação que tem feito imensos biliões de euros com o dinheiro dos contribuintes” e insurgiu-se particularmente contra as empresas “que exploram os jovens com comportamentos irresponsáveis”, despedindo-os após os estágios.
Tanto o luxemburguês como o alemão procuraram centrar a sua mensagem nos “cidadãos europeus” e relativizar as instituições.
“Eu não gosto muito deste debate sobre os biliões, embora seja importante, eu quero saber como apoiar as pessoas que ganham mil ou dois mil euros, eu bati-me sempre pela criação de um salário mínimo na Europa”, afirmou Juncker, candidato dos partidos de centro-direita.
Na mesma linha, Martin Schulz referiu, recebendo os primeiros aplausos da assistência: “Eu quero mudar a vida dos cidadãos comuns para melhor, temos de apoiar as pessoas e não dar os parabéns aos países que estão sob programa”.
Economia sustentável
Já o liberal Guy Verhofstadt enfatizou que “a única prioridade são empregos, empregos, empregos”.
Num debate de uma hora e meia, o belga foi o candidato mais crítico à gestão da crise na Europa e defendeu que é preciso relançar a economia, potenciando o setor privado e com “crescimento qualificado”, não apostando em “mais dívida” e com “uma união bancária que melhore a ligação entre bancos e empresas”.
A candidata dos Verdes, Ska Keller, advogou que a principal questão nas eleições europeias é saber se os cidadãos “querem as mesmas políticas ou ideias novas”, por “uma Europa mais democrática, com justiça social, que coloque as pessoas no centro”.
O investimento na educação e na economia verde foram duas das principais medidas defendidas pela alemã para criar “empregos de qualidade”.
Assista aqui ao primeiro debate entre os candidatos à presidência da Comissão Europeia, que serão eleitos pelo Parlamento Europeu depois das eleições de 25 de maio para substituir Durão Barroso.
ZAP / Lusa