O Canadá vai responder às novas tarifas decididas por Washington impondo impostos sobre bens norte-americanos no valor de 16.600 milhões de dólares e cancelou uma reunião com Donald Trump, considerando a política comercial dos EUA “totalmente inaceitável”.
“Estas tarifas são uma afronta à parceria de longa data que existe entre o Canadá e os Estados Unidos e, em particular, uma afronta aos milhares de canadianos que lutaram e morreram ao lado de seus irmãos de armas”, disse o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, lamentando que os Estados Unidos da América (EUA) tenham justificado a decisão com “segurança nacional”.
Esta quinta-feira, no que é considerado o início de uma guerra comercial, o Departamento do Comércio norte-americano suspendeu a isenção dos direitos de importação de aço e alumínio da União Europeia, Canadá e México.
“Devemos acreditar que, eventualmente, o bom senso triunfará, mas, infelizmente, as ações tomadas pelo Governo dos EUA não parecem ir nessa direção”, afirmou Justin Trudeau na rede social Twitter.
Segundo a ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Chrystia Freeland, as novas tarifas canadianas vão afetar a partir do dia 01 de julho as importações norte-americanas de aço e alumínio, bem como bens de consumo, como iogurtes, café, açúcar, papel higiénico, colchões, máquinas de lavar e cortadores de relva.
O objetivo é pressionar os principais estados dos EUA que exportam esses produtos para o Canadá. Ao mesmo tempo, Otava pretende desafiar a decisão dos EUA sob o acordo de comércio livre norte-americano, NAFTA, e na Organização Mundial do Comércio, OMC, disse Justin Trudeau.
O primeiro-ministro do Canadá disse hoje que se ofereceu a ir a Washington ainda esta semana para concluir as renegociações do NAFTA, mas que o vice-presidente Mike Pence ligou-lhe a dizer que um encontro com Donald Trump só aconteceria se Trudeau concordasse com uma cláusula que adiaria por 5 anos a entrada em vigor do acordo.
Trudeau recusou, assim, ir aos EUA, devido à pré-condição “totalmente inaceitável”, um comentário feito também acerca da suspensão da importação de aço e alumínio da União Europeia (UE), do Canadá e do México.
“Decidimos não estender a exceção para a União Europeia, Canadá e México, pelo que estarão sujeitos a tarifas de 25% e 10% na importação de aço e alumínio”, respetivamente, anunciou hoje o secretário do Comércio dos EUA, Wilbur Ross.
ZAP // Lusa
Os camones não querem, temos que nos arranjar com aprata da casa…
O objetivo de Trump em isolar os EUA tem a sua lógica. Se a Europa impedisse com taxação a entrada de produtos estrangeiros e se concentrasse em produzi-los para o mercado interno europeu, o que conseguiria autónomamente, baixaria o desemprego e desenvolveria países mais pobres (como o nosso, onde a indústria já deixou muito do interior).