“Em circunstâncias normais, já teria caído” e “grau zero da política”. Marques Mendes arrasa o Governo

16

António Cotrim / Lusa

O conselheiro de Estado e antigo líder do PSD, Luís Marques Mendes

O comentador criticou a prestação do Governo no caso da TAP e fala mesmo em “grau zero da política”, apontando que Jorge Sampaio dissolveu a Assembleia da República “por menos”.

No seu habitual espaço de comentário televisivo na SIC, Luís Marques Mendes começou por falar das revelações feitas nas audições parlamentares sobre a TAP, dizendo mesmo que a “trapalhada” chegou ao “grau zero da política: mentiras, irresponsabilidades e promiscuidades”.

O comentador aponta Pedro Nuno Santos como o principal culpado, que “saiu do Governo dando a entender que não sabia de nada, mas “sabia de tudo”. Já Hugo Mendes “comportou-se de forma patética, imatura e leviana” e “nunca devia ter sido Secretário de Estado”.

João Galamba, por sua vez, falhou com a reunião do PS com a CEO da TAP, que é o “cúmulo da promiscuidade política“. “A falta de sentido de Estado nas decisões: tudo quanto eram decisões importantes para a TAP, o Governo decidia através do WhatsApp, com a maior das ligeirezas. Isto é aceitável?”, aponta ainda.

Marques Mendes aponta ainda culpas à própria TAP e à CEO, que “agora, que foi demitida, acusou o Governo de pressões políticas” quando “em janeiro omitiu tudo, para defender o cargo e o seu bónus de 3 milhões de euros”.

“Faz algum sentido que a TAP ainda não tenha informado Alexandra Reis do valor que tem a devolver? Apesar de ser a empresa onde o país “enterrou” 3,2 mil milhões de euros? Está tudo em roda livre“, considera.

O ex-líder do PSD critica também o “silêncio comprometedor” de António Costa. “Ele é o chefe do Governo. Dele dependem os Ministros e Secretários de Estado. De facto, não é aceitável que o primeiro-ministro ainda não tenha dito uma palavra”, atira.

“Ele tinha o dever de fazer duas coisas: pedir desculpa pelas falhas dos seus Ministros ou ex-Ministros e garantir que situações como esta não voltam a repetir-se.
Também não é aceitável que o primeiro-ministro passe o tempo a dizer que não sabe de nada. Se não sabe, devia saber. Um primeiro-ministro que não sabe o que se passa no seu Governo está a perder liderança e autoridade”, frisa.

A polémica tem também repercussões para os protocandidatos a líder do PS: “Fernando Medina ficou fragilizado com o caso Alexandra Reis. Ficou sempre a sensação de que houve negligência da sua parte. Pedro Nuno Santos levou um rombo enorme na sua reputação. Até pode chegar a líder do PS, mas dificilmente chegará a primeiro-ministro. A TAP é uma espécie de cemitério político“.

E o que fará Marcelo? Marques Mendes acredita que “em circunstâncias normais, o Governo já teria sido demitido e o Parlamento estaria a caminho da dissolução”. “O problema é que não vivemos em circunstâncias normais. Vivemos uma crise económica séria. Vivemos uma crise social ainda mais grave. E a situação internacional tem a gravidade que tem, com a guerra na Ucrânia. Acrescentar a tudo isto uma crise política pode “ser pior a emenda que o soneto”, antecipa.

“Passamos do abuso ao vício”

Marques Mendes comentou ainda a operação de fiscalização ao IVA zero nos supermercados.

“O Ministério da Agricultura resolveu contratar duas empresas privadas para fazerem fiscalização. Esta decisão é completamente surreal. Então o Estado não tem a ASAE e a Autoridade da Concorrência? Este recurso permanente ao outsourcing é um abuso e custa rios de dinheiro ao Estado”, afirma. A contratação constante de advogados externos também é “censurável” e  “já passámos do abuso para o vício”.

Sobre o anúncio do Governo de um aumento extraordinário dos salários da função pública, Marques Mendes questiona por que é que o mesmo não foi feito com os pensionistas, que são “os mais vulneráveis da sociedade”. “Há aqui dois pesos e duas medidas. Esta discriminação é profundamente injusta“, refere.

No plano internacional, houve tempo para falar da entrada oficial da Finlândia para a NATO, “um “milagre” que Putin proporcionou”. “A lição a tirar é esta: há poucos anos, o Presidente francês dizia que a NATO estava em “morte cerebral”. O Presidente russo fez história ao ressuscitá-la. Tem agora uma NATO mais forte e mais perto de si. Tudo ao contrário do que desejava”, diz.

Nos EUA, a detenção histórica de Donald Trump prova que “ninguém está acima da lei”. “Trump merece ser julgado pela justiça norte-americana, mas não deveria ser por esta “bagatela” penal sem grande consistência jurídica. Trump deveria ser julgado, sim, pela tentativa de fraude eleitoral no estado da Geórgia e como autor moral dos ataques ao Capitólio. Esses, sim, são “crimes” a sério”, remata.

Adriana Peixoto, ZAP //

16 Comments

  1. O Governo liderado pelo Sr.º Primeiro-Ministro, António Costa, tem de continuar a Governar porque não existe qualquer oposição ou alternativa ao mesmo dentro dos partidos políticos que se encontram na Assembleia da República (AR), ou fora dela.
    Com a saída do Presidente Rui Rio, deixou de existir oposição.

  2. Marcelo é o grande protector de Costa e do governo. São amigos íntimos e cúmplices dos grandes lobbys e casos de corrupção que reinam em Portugal.

  3. Este Marques Mendes seria um bom governante já que tudo critica mas nada de bom ainda fez pela sociedade. É mais um tretas que fala de tudo, como se fosse um entendido nas soluções. Ele e outros ” sábios” treteiros”, destruirão o país porque muitos lhes seguem as pisadas. O País necessita de estabilidade, de seguirmos o mesmo rumo, irmos em frente, lutar contra as dificuldades mas unidos nesse bom sentido de vida: tudo fazer pela comunidade.

  4. O Baptista devia procurar medir a temperatura de vez em quando. Refere que “O País necessita de estabilidade, de seguirmos o mesmo rumo…” Está a falar concretamente de quê?! Da estabilidade em que um dia o aeroporto é num sítio e no dia seguinte o ministro é desautorizado pelo primeiro-ministro?! É essa estabilidade e “mesmo rumo”?!! Está a referir-se à estabilidade em que o ministro das infra-estruturas e obras públicas pede explicações à TAP e o seu secretário de estado é que vai responder-lhe… pela TAP?!!!

    • O País está a ser governado, caso contrário os resultados económicos de Portugal, não teriam sido os que foram, apesar de todas as crises e de uma guerra, quase sem deficit.
      Não esquecer que Portugal tem centenas de milhares de empresas e microempresas, e não apenas a TAP,
      E talvez também saiba que muito do que se passa nas empresas contorna as leis, por isso existe o sigilo. Quando o sigilo é quebrado, acontecem coisas más muito más, e muitas empresas acabam muito mal. Neste caso o povo

      • O amigo também podia aproveitar para ir medindo a temperatura já que não diz coisa com coisa.

  5. Pois tambem não gosto do Marques Mendes, aliás ele e o Costa dentro de um saco atirados a um rio, só poluiam o rio. Quanto ao que precisamos para este país, que enumera e que estou de acordo, este desgoverno do Costa está presisamente a fazer o contrário, vamos ver é até quando!!!

  6. Infelizmente, enquanto houver PRR, o Presidente da República não vai poder dissolver a Assembleia da República. Se o fizesse, isso significaria não executar o PRR e devolver a totalidade do dinheiro. Penso que ninguém quererá ficar associado a isso. Desse modo, teremos, nós e o PR, de aturar o atual elenco governativo mais uns tempos.

    • Partilho a sua ideia. Parece-me que o Presidente está de mãos atadas, perante um governo que já fez mais do que o suficiente para ser posto a andar.

  7. Para as Presidenciais, Voto no Almirante Gouveia e Melo, este pais precisa de regras e não vejo ninguém com perfil a não ser mesmo um Militar. Aliás, temos o bom exemplo do General António Ramalho Eanes. Pessoa única, na ética e a servir o Pais como nenhum outro.
    Como tal, se o Almirante se candidatar tem o meu voto.

    • Estou totalmente de acordo. Ramalho Eanes foi um ET na vida política portuguesa. Seguramente o único político pelo qual metia as mãos no fogo. Pessoa séria, honesta, respeitada. Um exemplo, infelizmente que não foi seguido por nenhum dos que o sucedeu. É pena. Votarei e apoiarei o Almirante. Pessoa íntegra e que deu provas que sabe fazer. Só não sei se vai sobreviver até lá. São tantas as cascas de banana que o poder político lhe está a atirar para o caminho que tenho algumas dúvidas se chegará lá inteiro.

  8. Eu vou votar No partido que vai aparecer dentro de seis meses, Liderado pelo Rei dos Ciganos, que terá com ele todos os ciganos Não se esquecem que há mais de 40 anos que cada casal cigano tem 5 filhos e eles andam aí… só estavam á espera da oportunidade.
    Pois bem, está na hora de trocar os ciganos de colarinho branco, pelos ciganos de etnia, trocamos o rasco pelo original

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.