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Cães conseguem detetar covid-19, mas não estão a ser usados. “Podiam salvar tantas vidas”

Mauri Ratilainen / EPA

Um cão pode cheirar um pano que antes esteve no pulso ou no pescoço de alguém e identificar imediatamente se a pessoa contraiu o vírus até cinco dias antes do aparecimento de qualquer sintoma. Parece que os cães são eficazes na luta contra a doença, mas não estão a cumprir funções neste âmbito.

A segunda vaga da covid-19 está a atingir em larga escala a Europa, e há países que começaram a optar por não testar os assintomáticos – como é o caso de Portugal. Contudo, já ficou provado que os cães conseguem detetar de forma segura e eficaz se alguém está infetado com o novo coronavírus, mas estes não estão a ser usados.

Anna Hielm-Bjorkman, cientista veterinária da Universidade de Helsínquia, garante ao Deutsche Welle que “um cão poderia facilmente salvar tantas vidas”. Os testes que tem vindo a desenvolver revelam que os cães conseguem detetar a doença com um nível de precisão de quase 100%.

Porém, no caso finlandês, antes da investigação seguir o seu percurso normal, que é testar, publicar e aguardar a revisão pelos pares, foi decidido colocar os cães treinados a trabalhar.

Segundo Hielm-Bjorkman, os investigadores “que estão a publicar” estudos sobre o assunto “não estão nos aeroportos”, por isso não têm como provar as evidências de que os cães poderiam substituir os testes convencionais.

Tendo em conta o que diz a DW, o que parece faltar para que este método seja posto com prática é vontade política e financiamento para projetos que possam treinar cães para detetarem a doença. A veterinária finlandesa afirma que é necessária uma “mudança de paradigma” tanto para os profissionais médicos como para o público.

A falta de investimento nesta forma de testagem não é exclusiva da Finlândia. Na Alemanha, também foram anunciados resultados promissores com cães que detetam a infeção, mas a capacidade destes animais não tem sido usada para esse fim. “Quando começámos o projeto, fizemo-lo porque queríamos ajudar a deter a pandemia“, disse o professor Holger Volk, da Universidade de Medicina Veterinária de Hanove à DW.

O docente desabafou que “tem sido um caminho muito muito frustrante. Tive muitos opositores em todo o processo. Se eu não fosse uma pessoa muito determinada, depois de fazer muitos estudos, provavelmente teria parado”.

Ainda assim, ao contrário da Finlândia e da Alemanha, a polícia do Chile já está a treinar cães para detetarem o vírus através do suor.

“O vírus não tem odor, é a infeção que gera uma mudança metabólica em diferentes órgãos e, nessa resposta fisiológica do organismo, são gerados compostos associados aos sulfatos, que os cães detetariam”, explica Fernando Mardones, professor de epidemiologia veterinária da Universidade Católica do Chile.

No país da América Latina, a expectativa é que em breve os animais iniciem a nova função acompanhados de um agente para realizar deteções em lugares como terminais de autocarro, aeroportos e postos de saúde.

ZAP //

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