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Cada vez mais militares são excluídos dos cursos de Comando por razões médicas

O 127º curso de Comandos, marcado pela morte de dois militares, termina na sexta-feira com 14 formandos excluídos por razões médicas, uma tendência que tem aumentado nos últimos anos.

No curso que termina na sexta-feira, em que apenas um foi eliminado por não ter passado nas provas de “aptidão técnica”, vão receber a boina e o crachá da especialidade 23 dos 67 formandos iniciais, três sargentos e 22 praças.

O 127º curso registou o maior número de desistências dos quatro últimos cursos, com 27 dos 67 candidatos iniciais a decidirem voluntariamente abandonar a formação. Segundo dados fornecidos à agência Lusa pelo Exército, relativos ao período 2012-2016, verifica-se que o número de eliminações por razões do “foro médico” nos últimos cursos aumentou exponencialmente: de seis em 2013, para 12 em 2014, 24 em 2015 e 29 em 2016.

Este ano, o número de eliminações médicas atingirá 29, contando com 15 no primeiro curso, já concluído, e 14 no curso que termina na sexta-feira.

Desistências

Quanto às desistências, no primeiro curso realizado este ano desistiram três dos 58 militares que iniciaram a formação, enquanto nos dois cursos de 2015 apenas houve uma desistência e no único curso realizado em 2014 não se verificou nenhuma.

Excetuando o curso que termina na sexta-feira, as exclusões, seja por inaptidão técnica ou por questões médicas, superam o número de desistências. No total, o Exército tem como “dentro do padrão” para o curso da especialidade Comando uma média de saídas (por desistência e por eliminação) na ordem dos 45%.

O número de desistências do curso atual, 27, está numa escala que se não se verificava desde 2013, quando houve 34 desistências num total de 108 formandos, e no ano anterior, quando 29 saíram do curso, iniciado por 118 alunos.

Os Comandos são uma tropa especial do Exército, constituindo “forças de combate ligeiras, não blindadas, vocacionados para operações convencionais de natureza eminentemente ofensiva”, lê-se, no site do ramo.

A “capacidade de projeção imediata, uma elevada capacidade técnica e tática, grande flexibilidade de emprego e elevado estado de prontidão, capitalizando a surpresa, velocidade, violência e precisão do ataque, como fatores decisivos”, são as características desta tropa.

Investigação criminal

As mortes no 127º curso de Comandos levaram o Ministério Público a abrir uma investigação criminal que até ao momento resultou na acusação de cinco militares, um dos quais, o capitão-médico encarregado de zelar pela saúde dos formandos, por dois crimes de homicídio negligente.

Outros quatro foram acusados do crime de ofensas à integridade física graves e negligentes.

O Exército abriu três inquéritos disciplinares ao sucedido e uma inspeção técnica extraordinária sobre os referenciais do curso e o respetivo processo de seleção, que estão “a decorrer nos trâmites legais”.

Até terminar essa inspeção técnica, que o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, já afirmou estar para breve, novos cursos de Comando estão suspensos.

Existe ainda uma outra investigação a decorrer sobre as mortes no 127º curso, no âmbito da Provedoria de Justiça.

 

/Lusa

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