Bruxelas melhora previsões de crescimento da economia portuguesa, mas incertezas para 2022 são “fator de risco adicional”

Luís Vieira / EPA

Ursula von der Leyen e Antonio Costa

A Comissão Europeia melhorou as previsões de crescimento para a economia portuguesa para 4,5% este ano e 5,3% no próximo, segundo as Previsões Económicas de outono divulgadas esta quinta-feira.

Além das previsões de crescimento para a economia portuguesa de 4,5% este ano e 5,3% no próximo, Bruxelas espera ainda que o défice português atinja os 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e que a dívida pública chegue aos 128,1% do PIB este ano. Em 2022, a Comissão Europeia prevê que o défice deverá ainda baixar para 3,4%, ao passo que o rácio da dívida pública face ao PIB descerá para 123,9%.

Estimativas que ficam, contudo, aquém das do Governo. No relatório adjacente à proposta de Orçamento do Estado para 2022, entretanto chumbado, o Governo tinha previsto que o défice deste ano ficasse nos 4,3% e que a dívida baixasse para 126,9%, e em 2022 os valores descessem, respetivamente, para 3,2% e 122,8%.

Por outro lado, o Executivo europeu prevê que a taxa de desemprego portuguesa atinja os 6,7% este ano, uma previsão mais otimista do que a do Governo, prevendo descidas subsequentes em 2022 e 2023: 6,5% e 6,4%, respetivamente.

No mesmo relatório macroeconómico adjacente à proposta de OE, o Governo tinha apontado para uma taxa de desemprego de 6,8% este ano, igualando a previsão de Bruxelas para 2022 (6,5%).

Incertezas para 2022 são “um fator de risco adicional”

Apesar de ter melhorado as previsões de crescimento da economia portuguesa, Bruxelas fez questão de lembrar que as incertezas relacionadas com o chumbo do Orçamento de Estado, e subsequentes incertezas, representam “um fator de risco adicional” para o país.

Por outro lado, na secção relacionada com os riscos, a Comissão Europeia realçou que “a alta taxa de vacinação de Portugal reduz os riscos domésticos relativos à pandemia”. Bruxelas apontou ainda que, em geral, os riscos serão “ligeiramente descendentes” devido à grande importância “do turismo estrangeiro, onde a incerteza permanece alta”.

Na terça-feira, o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, disse que Bruxelas vai aguardar que o futuro Governo português apresente um novo plano orçamental para 2022 para emitir o seu parecer.

“Portugueses podem ter confiança no futuro”

Apesar de as estimativas do Executivo europeu hoje publicadas terem ficado aquém das do Governo, o ministro das Finanças, João Leão, afirmou, em comunicado, que a revisão em alta comprova que o cenário gizado “é credível” e que “os portugueses podem ter confiança no futuro”.

As previsões de Bruxelas “confirmam, ainda, que o contexto de incerteza política que atravessamos não teve origem em problemas financeiros nem numa crise de finanças públicas, como aconteceu no passado”, referiu ainda o governante.

João Leão também assinalou que os números dados a conhecer por Bruxelas “mostram que a atual situação não está a ser percecionada como um risco para as metas previstas no cenário apresentado pelo Governo em outubro”.

O Ministério das Finanças assinala que as previsões de Bruxelas confirmam “as perspetivas de forte recuperação económica do país, em linha com as estimativas apresentadas na proposta de Orçamento do Estado para 2022″.

ZAP // Lusa

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