Caso criança de 3 anos que morreu em Setúbal fez recordar que há muitas pessoas que “vão à bruxa”, em Portugal. É muito popular no Sul da Europa.
A criança de 3 anos que foi encontrada morta na semana passada, em Setúbal, estará associada a um caso de extorsão.
Estará em causa uma situação de vingança, de represália, por um valor não pago por trabalhos de bruxaria.
Um caso abordado nesta semana na rádio Observador pela socióloga Helena Vilaça, que se centrou no número e no tipo de pessoas que procuram estas consultas, em Portugal.
A bruxaria é muito popular no Sul da Europa e Portugal lidera em algumas crenças. Portugal é o país mais religioso da Europa Ocidental. E há dados que demonstram que 60% dos portugueses acreditam no destino (é líder na Europa Ocidental) e cerca de 30% acreditam na astrologia, um número semelhante ao de Espanha.
“Para nós, sociólogos, é fascinante percebermos como as pessoas conciliam estas vertentes. As pessoas dizem “Deus é bom, sabe que estou em sofrimento e não se importa que eu vá procurar outras coisas”. Muitos religiosos tiveram a coragem de assumir que iam procurar outras respostas. E conciliam as duas coisas, isso é algo que está muito enraizado na religiosidade popular“, explicou Helena.
Mesmo sem números concretos, sabe-se que a procura por estas sessões é geral, em Portugal, em relação à classe socio-económica das pessoas. Embora haja um peso maior nos níveis escolaridade mais baixo, as observações mostram que a classe média ou a classe-média alta também procura bruxas.
Em relação às profissionais deste sector, um estudo local realizado por Paula Costa demonstrou que a maioria são mães, mulheres de classe baixa dos 35 aos 70 anos, casadas com operários ou reformados, que dizem que têm o dom e mudam de carreira.
A professora universitária indicou que as profissionais “evitam que lhes chamem bruxas por causa do preconceito, apresentando-se como médium, vidente, cartomante, para-psicólogo, terapeuta…” – mas do lado da procura, diz-se sempre “ir à bruxa”.
Helena Vilaça enumerou o que se pode encontrar numa consulta: bruxaria tradicional, com talhadura, que é talhar determinadas doenças; mediunidade, que a bruxa vai buscar ao espiritismo; cartumância; cura; exorcismo.
“Mas, simultaneamente, a para-psicologia. Por exemplo, um médium formado em psicologia. E hoje em dia entramos noutras coisas, que já são aceitáveis, como a naturoterapia. E há especialistas em misturar astrologia com psicanálise“, contou.
“O que é comum agora é vermos uma grande mistura. Do lado da oferta, os profissionais são cada vez mais transversais“, acrescentou.
A também especialista em religiões comentou ainda que, sobre este sector, o catolicismo sempre “fechou os olhos” a determinadas práticas, enquanto o protestantismo, longe de imagens de santos e de idolatrias, é um ramo mais “racional”.
afinal, Portugal é líder em algumas coisas. e não é só nas infecções de Covid-19. somos um país fantástico!
Favor não confundir crança com espiritualidade. Misturar religião com astrologia ou bruxaria é nem sequer saber do que se fala.
Infelizmente já conheci “Crentes” e assíduos Praticantes Católicos , frequentando a Celebração Dominical de manhã tempo depois irem consultar a Cartomancia ou pior ainda un (a) palhaço (a) armado em Bruxo (a) para pensarem resolver os seus Problemas !….os tempos mudam mas muitas Pessoas não !
Reflexo de um povo inculto, mesquinho, sem qualquer noção do que é a vida.
A religião (e a ignorância) dão este “caldo” e o resultado está à vista!…
Não espanta pois que, no que verdadeiramente interessa, estejamos na cauda da Europa…
Um povo, grosso modo, de crédulos (basta lembrar os resultados das eleições de 30 de Janeiro), idiotas supersticiosos, pacóvios e atrasado. Isto só pode ser, como facilmente se percebe, resultado dos 48 anos de Estado Novo que foi tão eficaz na condução das almas que os 48 anos de “democracia” e duas gerações não conseguiram reverter. A “coisa” ficou mesmo impregnada nos genes…
Voltando ao início: é tudo uma questão de perspectiva: uns dirão que a Europa começa em Lisboa; outros que termina em Lisboa….
Vivemos uma fase em que cada um é que afirma como se identifica. Um individuo pode identificar-se religioso, cristão ou de outra qualquer religião mesmo sem cumprir ou conhecer os preceitos da mesma, basta dizer. Quem afirma que Deus sabe que as pessoas sofrem e compreende que podem procurar outros meios como a bruxaria, está automaticamente a revelar a sua ignorância religiosa, assim como quem acredita nessa afirmação, religioso ou não. A religião não deve ser vista como uma escola de virtudes onde se imagina que quem por lá passa no batizado ou casamento já é religioso. Nem a frequência de celebrações garante que os indivíduos sejam virtuosos na sua vida ou opções face aos problemas que enfrentam ou provocam. Cada religião tem o seu conjunto de princípios que normalmente visam o bem, o respeito e o amor ao próximo. Depois as deturpações, o egoísmo, a instrumentalização e o aproveitamento que cada um quer fazer pensando que descobriu um Deus que é seu empregado protetor já é outro assunto. Não quero com isto defender as religiões, que tem tido inclusive seguidores e alguns líderes bem perversos e com ações contrárias aquilo que são os princípios religiosos. Mas não quero ser injusto com as pessoas que sendo religiosas são bons exemplos para todos nós. Obviamente também há muita gente boa e exemplar que não liga minimamente a religião. O importante é realmente ter bons princípios e ser bom para o próximo com ou sem religião.
Já vi darem o prémio Nobel da paz a um individuo só porque parou uma guerra em que ele próprio foi um dos responsáveis beligerantes!!! Haja bom senso. Bem, é só uma opinião.