Cerca de 46 milhões de britânicos vão esta quinta-feira votar nas eleições legislativas antecipadas no Reino Unido, convocadas pelo governo para tentar desbloquear o impasse criado no parlamento sobre o processo de saída do país da União Europeia (UE).
O Partido Conservador, do primeiro-ministro, Boris Johnson, vai tentar recuperar uma maioria absoluta, perdida devido a expulsões e deserções de deputados insatisfeitos com o rumo do Brexit e também devido ao desentendimento com o aliado Partido Democrata Unionista (DUP) da Irlanda do Norte.
No lado oposto, o Partido Trabalhista lidera a oposição na tentativa de travar o acordo negociado por Johnson com Bruxelas para completar o processo de saída da UE até 31 de janeiro, prometendo renegociar os termos e submeter o resultado a referendo.
Desde 1923 que o Reino Unido não realizava eleições nacionais no mês de dezembro, quando os dias são mais curtos, frios e húmidos devido ao inverno. Em Londres, hoje o sol nasce às 7h57 e põe-se às 15h51, mas no norte do país o amanhecer é ainda mais tarde e o anoitecer mais cedo.
As mesas de voto vão funcionar entre as 7h e 22h para o voto presencial, mas também é possível votar por correspondência, cujos boletins já foram enviados há várias semanas. Os eleitores que não se possam deslocar, seja por ausência justificada ou por razões de saúde, podem solicitar um voto por procuração.
Boris Johnson, primeiro-ministro e líder do Partido Conservador já exerceu o seu direito de voto na Methodist Central Hall,em Londres, na companhia do seu cão, Dilyn. Também a líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP, na sigla em inglês) e chefe do governo da Escócia, Nicola Sturgeon, já votou em Glasgow.
A votos vão os 650 assentos na Câmara dos Comuns, a câmara baixa do parlamento britânico, aos quais concorrem 3.322 candidatos, dos quais 1.124 mulheres, tendo os partidos Conservador (635), Trabalhista (631), Liberal Democrata (611), Verde (498) e Partido do Brexit (275) concorrido no maior número de circunscrições a nível nacional.
Ao longo das últimas semanas sondagens mostraram consistentemente uma vantagem confortável do Partido Conservador sobre o Trabalhista, mas o sistema de eleição em círculos uninominais por maioria simples pode tornar o resultado imprevisível.
Em 2005, o Partido Trabalhista de Tony Blair garantiu uma maioria absoluta de 356 deputados com apenas 35,3% dos votos a nível nacional, apenas mais três pontos percentuais do que o Partido Conservador de Michael Howard, que se ficou pelos 198 deputados.
A redução da diferença entre os dois partidos nas últimas semanas aumentou a especulação sobre a possibilidade de um parlamento dividido.
Em 1992, as sondagens também sugeriram essa possibilidade, ou a de uma vitória do Partido Trabalhista de Neil Kinnock, mas no final John Major, sucessor de Margaret Thatcher, liderou o Partido Conservador numa quarta vitória com maioria absoluta consecutiva.
Uma sondagem feita à boca das urnas em comum para as três principais televisões britânicas BBC, ITV e Sky News será divulgada logo após as 22h locais (mesma hora em Lisboa), quando o processo de contagem dos votos vai começar, mas os principais resultados só são esperados durante a madrugada de sexta-feira.
// Lusa