O Brasil registou na quarta-feira 57 mortos e 2.433 infetados pelo novo coronavírus, no dia em que o Ministério da Saúde anunciou que irá autorizar o uso do medicamento cloroquina para tratamento de casos graves.
Pela primeira vez, desde o início da chegada da pandemia ao Brasil, foram registadas mortes fora dos epicentros do surto no país – São Paulo e Rio de Janeiro. Os estados de Amazonas, (norte), Pernambuco (nordeste) e Rio Grande do Sul (sul) contabilizaram um óbito, cada um, noticiou a agência Lusa.
São Paulo continua a ser o estado brasileiro mais afetado pelo novo coronavírus, contabilizando 48 mortos e 862 infetados. Segue-se o Rio de Janeiro com seis óbitos e 370 casos confirmados de infeção.
Assim, o sudeste brasileiro, que engloba São Paulo e Rio de Janeiro, é a região com o maior número de infetados, totalizando 1.404 casos confirmados da covid-19.
O Ministério da Saúde do Brasil anunciou na quarta-feira que vai disponibilizar 3,4 milhões de unidades de cloroquina e hidroxicloroquina para que médicos usem esses medicamentos no tratamento de pacientes internados em estado grave com covid-19.
“O que o Ministério da Saúde está a fazer é deixar [cloroquina/hidroxicloroquina] no arsenal, deixar à mão do profissional médico. Se ele entender que o paciente grave pode beneficiar-se, o que vamos fazer é deixar esse remédio ao alcance dele”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em conferência de imprensa.
De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos da tutela da Saúde, Denizar Vianna, o medicamento, que é usado para tratar doenças como artrite, lúpus e malária, é considerado “muito promissor” para o tratamento do novo coronavírus, mas não deve ser “usado fora dos ambientes hospitalares”.
“Esse medicamento não está indicado para a prevenção da covid-19 e não está autorizado o seu uso fora dos ambientes hospitalares. Faço um pedido aqui: não usem esse medicamento fora do ambiente de hospital. A cloroquina pode causar arritmia cardíaca no paciente e precisa de acompanhamento”, disse o secretário.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, foi elaborado um protocolo que prevê cinco dias de tratamento, sempre dentro do hospital e monitorizado por um médico, devido aos seus efeitos colaterais.
Face à afluência verificada nas farmácias para a aquisição de cloroquina, as autoridades de saúde brasileiras anunciaram, na semana passada, que a compra deste medicamento estará sujeita a receita médica, uma vez que continua a ser necessário para doentes com artrite, lúpus e malária.
Para fazer frente à pandemia, Denizar Vianna acrescentou que o executivo brasileiro está a investir em impressoras tridimensionais, para fabricar componentes de ventiladores que se desgastam rapidamente.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 20 mil. Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia. Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.