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Filho de Bolsonaro já não vai ser embaixador em Washington

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O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente do Brasil, anunciou na terça-feira, na Câmara dos Deputados, que desistiu da sua indicação para embaixador do país em Washington, nos Estados Unidos (EUA).

Na véspera, Jair Bolsonaro, que foi quem indicou o filho, dissera que agora preferia que Eduardo Bolsonaro permanecesse no Brasil para “pacificar” o Partido Social Liberal (PSL), que vive uma crise interna, noticiou o Expresso esta quarta-feira.

“Foi uma decisão que eu estava pensando há muito tempo. A gente escuta conselho de muita gente. Além disso, tem a questão do meu eleitorado. Confesso, não era a maioria que estava apoiando ali”, disse o deputado, citado pelo G1.

O cargo de embaixador nos EUA “seria um papel a ser desempenhado, mas aqui no Brasil também eu acho que tenho um papel tão importante quanto ou talvez mais”, indicou.

Eduardo Bolsonaro rejeitou que a sua decisão tenha sido tomada para responder ao desejo manifestado pelo pai na segunda-feira.

“Não, o Presidente sempre me deixou bem à vontade com relação a isso. Eu confesso que quando saiu o meu nome, quando fui indicado, eu fiquei até surpreso, não esperava que isso acontecesse. Num primeiro momento eu fiquei feliz, sim, óbvio. Quem não se sente prestigiado para assumir esse posto? Porém, no decorrer do processo, com amadurecimento, conversas, etc., foi me fazendo pensar e culminou hoje aqui com essa decisão”, explicou.

Permanecendo assim no Brasil, onde pretende “defender os princípios conservadores”, declarou que “estar próximo dos EUA é estar ao lado da boa diplomacia. Certamente não me faltaria legitimidade, e isso é um facto que depende de interpretações”.

“Parabéns a ele”

Confrontado com o assunto no Japão, onde se encontra, Jair Bolsonaro referiu que o filho terá uma “tremenda responsabilidade” como novo líder parlamentar do PSL, acrescentando: “Parabéns a ele”.

O Presidente brasileiro falou pela primeira vez em julho na intenção de indicar o filho para o cargo de embaixador em Washington. Desde então, Eduardo Bolsonaro visitou vários senadores com vista à obtenção de apoios para a sua indicação, que precisaria de ser aprovada pelo Senado, a câmara alta do Congresso brasileiro. O Governo nunca conseguiu obter a garantia de que teria votos suficientes para ver aprovada a sua indicação.

A situação agravou-se com a eclosão da crise no PSL, sobretudo depois de ter sido divulgada uma conversa telefónica em que Jair Bolsonaro pedia, alegadamente a um deputado, apoio para o filho assumir a liderança do partido na Câmara dos Deputados, a câmara baixa.

A guerra no interior do PSL

A crise no partido veio a público no dia 08, quando Jair Bolsonaro pediu a um apoiante para “esquecer” o PSL porque o presidente nacional daquela força política, Luciano Bivar, estava “queimado para caramba”. Desde então, o grupo aliado de Jair Bolsonaro e a ala de Luciano Bivar lutaram pela liderança da bancada parlamentar do PSL.

O grupo de Jair Bolsonaro articulou a nomeação do seu filho, enquanto a ala de Lucinao Bivar queria manter o deputado Delegado Waldir. Na segunda-feira, Eduardo Bolsonaro ganhou a corrida e destituiu todos os vice-líderes do PSL.

Segundo a deputada Joice Hasselmann, o Palácio do Planalto, sede da Presidência do Brasil, tentou dar um “golpe” no partido nesta guerra pela liderança.

Na semana passada, em plena crise, Delegado Waldir ameaçou que iria “implodir” Jair Bolsonaro, apelidando o Presidente de “vagabundo” numa gravação áudio entretanto revelada. Posteriormente, voltou atrás: “Somos que nem mulher traída. Apanha, não é? Mas mesmo assim volta ao aconchego”. Depois, regressou ao ataque, acusando o Presidente de ter tentado comprar deputados com cargos para beneficiar o filho.

Em reação, Eduardo Bolsonaro defendeu que o Presidente da República não pode estar sujeito à “bipolaridade” de Delegado Waldir.

ZAP //

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