“Botellón” está de volta a Lisboa. Ajuntamentos sem controle podem estar a espalhar o vírus

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rongorongo / Flickr

Há cada vez mais ajuntamentos de jovens em Lisboa, nomeadamente nos bairros típicos, mas também em locais como bombas de gasolina, para o convívio e o consumo de álcool. Um tipo de comportamento que está a preocupar os autarcas que temem que possa estar a contribuir para aumentar o contágio na região.

A Grande Lisboa tem registado o maior número de novos casos de covid-19 do país nos últimos dias, com uma margem superior a 90% relativamente ao resto de Portugal. Nas últimas 24 horas, das 366 infecções confirmadas, 335 são na região de Lisboa e Vale do Tejo. Sintra tem 45 novos casos, Lisboa tem 39, Amadora e Loures contam 25 cada, Odivelas tem 21, Cascais e Vila Franca de Xira registam 14 cada.

“Lisboa neste momento concentra a maior parte dos casos e Sintra é um dos concelhos onde os casos reportados diariamente merecem melhor atenção”, adianta a directora-geral da Saúde, Graça Freitas.

Estes dados surgem a par de relatos da existência, cada vez mais frequente, de ajuntamentos de jovens, nomeadamente para o consumo de álcool. É o regresso do chamado “Botellón”, termo espanhol que se refere à reunião de pessoas em espaços públicos, como a rua, para o consumo de álcool.

Há notícias de grupos de pessoas a juntarem-se nas ruas, no Bairro Alto, no Cais do Sodré, na Bica e na Graça. Com os bares ainda encerrados, compram álcool nos estabelecimentos comerciais das imediações e vão consumi-lo para os bairros típicos, em confraternizações em grupo.

A situação é confirmada ao jornal i pela presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia que integra o Bairro Alto e a Bica. Carla Madeira refere que tem recebido “queixas” e que tem “verificado com os próprios olhos que existe uma camada mais jovem da população que está no espaço público com um comportamento idêntico ao que tinham antes da pandemia – sem distanciamento social, sem máscara“.

A autarca nota que depois do dia 18 de Maio, quando reabriram restaurantes e cafés, “há uma série de pessoas que dentro dos estabelecimentos cumprem as regras, mas fora acabam por fazer tudo“.

Carla Madeira fala de “um perigo imenso”, notando que a Junta tem procurado “sensibilizar, tanto as pessoas, como a nível dos estabelecimentos, mas torna-se muito difícil”. “Quando vou a pé da Junta para casa fico muito irritada, porque a situação é preocupante”, constata.

Cascais proíbe venda de álcool nas bombas após as 20 horas

Nas redes sociais, há relatos sobre alegados ajuntamentos em bombas de gasolina, onde os jovens vão alegadamente comprar álcool. Há quem denuncie “filas enormes” com pessoas “sem máscaras” e “sem protecção alguma”.

Uma imagem partilhada no Facebook por Mário Gonçalves, ex-presidente da comissão política do CDS de Monforte, revela também um ajuntamento de jovens numas bombas de gasolina em Cascais.

“Parece que a nova moda do momento é ir para as bombas de combustível consumir álcool quando os bares nocturnos encerram às 23 horas”, escreve Mário Gonçalves que é administrador do site Gazeta Política que já foi notícia por difundir informações falsas sobre António Costa.

Mas a imagem que Mário Gonçalves situa na madrugada de 31 de Maio parece autêntica, até porque é partilhada pelo presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, a par da mensagem de que resolveu proibir a venda de bebidas alcoólicas nos postos de combustível do concelho a partir das 20 horas.

A PSP também se refere a este ajuntamento na bomba de Cascais, notando que têm surgido “eventos extremamente pontuais, circunstâncias fugazes, de grupos de amigos que se começam a juntar”, conforme declarações do porta-voz da força de autoridade, Nuno Carocha, à TSF.

Nuno Carocha destaca a preocupação de que este tipo de ajuntamento possa “passar a ser encarado como normal” e que “comece a multiplicar-se”.

O que é certo é que se as concentrações começarem a aumentar, a PSP terá que adoptar “novas formas de abordagem e de combater o problema”, alerta Nuno Carocha.

Jovem algarvia terá sido infectada em festa em Lisboa

Entretanto, o Correio da Manhã (CM) relata o caso de uma jovem de 30 anos, natural do Algarve, que terá sido infectada numa “festa de desconfinamento” organizada na Grande Lisboa, na semana passada.

Outras quatro amigas na mesma faixa etária que também foram à festa aguardam ainda os resultados laboratoriais, segundo o jornal.

O presidente da Câmara de Olhão, António Pina, confirma o caso positivo e refere que a jovem foi infectada numa festa “fora da região”.

“Contrariamente ao que tem sido o comportamento dos olhanenses, isto foi um desrespeito pelo sacrifício de todos. Foi uma atitude egoísta e irresponsável“, critica o autarca citado pelo CM.

ZAP //

1 Comment

  1. Chamem-lhe grupos , pontuais ou o que lhe queiram chamar . Mas esta imagem . que não é única no pais .
    Repete-se a muitas horas do dia , em muitos postos de abastecimentos nas periferias dos centros urbanos .
    E os café que ignoram o uso de mascaras ?? e as amostras de viseira só a tapar o nariz , as mascaras só a tapar a boca ??? Pela boca morre o peixe , os seguranças não interferem por não serem força policial , as lojas
    não interferem por medo de perder o cliente . Fiscalização precisa-se .
    Então os ajuntamentos , são por estar frio e não obstruir a circulação da viaturas que abastecem , está tudo dito !! Não há autoridade que chegue para controlar, estes seres tacanhos , que não aprendem !
    Cuidem-se

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