Mariana Mortágua critica posturas de Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos e dá prioridade a um Portugal “justo, igual e solidário”.
A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou neste domingo que interesse nacional é a construção de um país “justo, igual e solidário”, considerando que o debate em torno do Orçamento do Estado está arredado dessas preocupações.
“Uma sociedade unida pelo respeito e pela solidariedade, a essa construção de país, nós chamamos de interesse nacional. É do interesse nacional construir este país justo, igual e solidário“, afirmou Mariana Mortágua, que discursava no final do Encontro Nacional de Autarcas do Bloco de Esquerda, que decorreu hoje, em Coimbra.
Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, um país “de especulação, de baixos salários, que explora os mais frágeis” e que “entrega a saúde, que entrega os cuidados e que entrega a habitação ao mercado nunca será um país de estabilidade, de tranquilidade nem de paz”.
Mariana Mortágua considerou o projeto da direita focado em “dividir a população para reinar“, acusando-a de querer “pôr trabalhadores contra trabalhadores pobres, trabalhadores pobres contra trabalhadores migrantes”, para que nenhum trabalhador se aperceba que tem “o mesmo problema”.
“Enquanto põem trabalhadores contra trabalhadores, pobres contra pobres, ninguém vê que em Portugal 5% da população tem quase metade da riqueza que é produzida no país. E é esse o problema, são as desigualdades que nos minam o futuro”, vincou.
Mariana Mortágua voltou a criticar as negociações entre o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, salientando que estes discutem se o próximo Orçamento do Estado “deve dar muito ou muitíssimo às empresas milionárias e à banca“, num país “onde falta tudo”.
“Com escolas fechadas sem professores, com hospitais fechados, com falta de creches, de salários, de casas, de tribunais, de serviços públicos, aquilo que une os centristas, autodenominados centristas — ficámos a saber agora no último debate quinzenal entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro — é a discussão das borlas fiscais às grandes empresas“, criticou.
Para a coordenadora do BE, essa discussão “não é a defesa do interesse nacional”.
“Defender o interesse nacional é a defesa dos serviços públicos, defender a casa para viver, o hospital, os cuidados, as creches, os serviços públicos, os tribunais, os espaços verdes, a cultura, aquilo que faz de nós um povo. Isso é que é defender o interesse nacional”, salientou, reafirmando que quem “viabiliza um Orçamento de direita não é alternativa a um Governo de direita“.
Num discurso de cerca de 20 minutos, a coordenadora do BE criticou ainda o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, acusando-o de construir uma cidade “para servir turistas” e que “é um refúgio de milionários internacionais e nómadas digitais”.
Aludindo ao discurso de Moedas no sábado, Mariana Mortágua considerou que o autarca “comporta-se como um reizinho de uma metrópole de ricos e de nobres, metrópole arrogante e implacável com todos os que nela querem viver, com todos os que nela trabalham, com todas as pessoas, menos com a nobreza que a gere”.
// Lusa