Boris Johnson não quer perder tempo para cumprir a sua principal promessa eleitoral: concretizar o Brexit até 31 de janeiro do próximo ano.
Depois de ter conseguido uma vitória esmagadora na ida às urnas mais recentes no Reino Unido, o primeiro-ministro britânico pretende levar o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia a votações no Parlamento antes do Natal.
O chefe do Executivo britânico disse ter “100% de apoio” para a aprovação do acordo do Brexit na Câmara dos Comuns. “Sem dúvida que o podemos conseguir antes do Natal”.
À Sky News, Michael Gove, ministro do antigo Governo de Johnson, confirmou a intenção do Governo, referindo que o acordo deverá ser votado muito brevemente.
Boris Johnson recebe esta segunda-feira, no Parlamento do Reino Unido, 109 novos deputados conservadores, com a garantia de honrar a promessa eleitoral de concretizar o Brexit o quanto antes e de aumentar o financiamento do Serviço Nacional de Saúde (NHS).
“Esta eleição e a nova geração de deputados que resultaram do facto de cidades tradicionalmente trabalhistas se terem tornado conservadoras vai ajudar a mudar as nossas políticas para melhor”, disse fonte do gabinete de Boris Johnson à Reuters.
Depois de aprovar o acordo do Brexit, a prioridade será chegar a um acordo comercial entre as duas partes até ao final do ano.
O Partido Conservador garantia a maioria absoluta e venceu as eleições legislativas. Cerca de 46 milhões de britânicos votaram, na quinta-feira, nas eleições legislativas antecipadas no Reino Unido, as terceiras em menos de cinco anos, convocadas pelo Governo para tentar desbloquear o impasse criado no Parlamento pelo processo de saída da União Europeia (UE).
A votos estiveram os 650 assentos na Câmara dos Comuns, a câmara baixa do Parlamento britânico, aos quais concorreram 3.322 candidatos.
Boris Johnson ameaça BBC
O The Guardian publicou, este domingo, um trabalho sobre a forma como o Partido Conservador pondera “ameaçar” a BBC com algumas medidas, por considerar que a estação pública tem um “viés” na forma como cobre a política doméstica.
Os Tories pretendem “boicotar” um programa político da Radio 4, o Today, que um dos principais conselheiros de Johnson, Dominic Cummings, considera ser emitido para uma “bolha metropolitana”, que despreza a realidade do país.
Durante a campanha, Johnson sugeriu que a taxa de licença da BBC, paga pelos contribuintes britânicos, poderia acabar. Ao mesmo tempo, o líder Conservador pôs em causa a independência da estação pública. O primeiro-ministro sugeriu que a taxa de televisão, que está garantida até, pelo menos, 2027, é um imposto geral que não se justifica quando outros órgãos de comunicação social têm outras formas de financiamento.
Isto surge porque Boris Johnson se sentiu visado por dois casos: o monólogo do veterano entrevistador político Andrew Neil, que criticou Johnson por se ter recusado a ser entrevistado, e também pela “extensa cobertura” da BBC do caso de um menino de quatro anos com suspeita de pneumonia, que foi forçado a dormir no chão de um hospital.
De acordo com o Diário de Notícias, algumas vozes dentro do partido estão desconfortáveis com uma guerra total com a BBC, porque a estação pública continua a ser uma das instituições mais confiáveis do país e muita influência social. A abolição da taxa seria difícil, mas há um risco mais premente para a BBC.