O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, foi constituído arguido, por determinação de um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF), num inquérito sobre a suposta divulgação de dados sigilosos da Polícia Federal.
O caso diz respeito a uma investigação da Polícia Federal sobre uma alegada violação ao sistema informático interno do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2018, perpetrada por piratas informáticos, tratada com sigilo, mas que acabou divulgada pelo chefe de Estado brasileiro.
O juiz Alexandre de Moraes, que com a decisão de quinta-feira deu provimento a um pedido do TSE, mandou excluir uma publicação de Bolsonaro sobre o tema nas redes sociais e determinou a abertura de uma nova frente de investigação contra Bolsonaro, dentro de um inquérito sobre a disseminação de notícias falsas.
O magistrado do STF também estabeleceu um prazo de cinco dias para a Procuradoria-Geral da República (PGR) tomar posição sobre o episódio.
Ao acatar o pedido de abertura de inquérito, Moraes frisou que a investigação dos factos seria imprescindível e que a publicação de documentos sobre a investigação da violação dos sistemas informáticos do TSE teve o intuito de “expandir a narrativa fraudulenta que se estabelece contra o processo eleitoral brasileiro”.
Ao divulgar os dados, na semana passada, Bolsonaro disse que a investigação da Polícia Federal comprovaria que as urnas eletrónicas usadas nos pleitos realizados no país são passíveis de fraude.
Um dia depois, porém, o TSE desmentiu a versão de Bolsonaro e disse que o episódio, que ocorreu em 2018, não influenciou as eleições, dado que a invasão foi de um sistema do TSE e não das urnas eletrónicas, que não estão ligadas à internet, e porque o código-fonte dos programas utilizados nas urnas eletrónicas passa por sucessivas verificações e testes aptos a identificar qualquer alteração ou manipulação, e que nada de anormal ocorreu.
Nas últimas semanas, Bolsonaro desencadeou uma campanha contra as urnas eletrónicas e chegou a acusar membros do TSE de participarem num ‘complot’ para defraudar as eleições presidenciais de 2022 em favor do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera todas sondagens de intenção de voto sobre as presidenciais.
As denúncias sem provas feitas pelo Presidente brasileiro levaram o TSE a abrir um processo administrativo contra Jair Bolsonaro e a pedir que este seja investigado pelo STF por supostamente cometer atentados à democracia e divulgar informações falsas.
A Câmara dos Deputados rejeitou na última terça-feira um projeto de lei apresentado por aliados de Bolsonaro para instituir o voto impresso no país.
O projeto já havia sido analisado e rejeitado na comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, mas o presidente daquela casa parlamentar, deputado Arthur Lira, alegou que decidiu levá-lo ao plenário para “dar fim ao sério conflito institucional” entre o chefe de Estado e o sistema judiciário brasileiro.
A análise da emenda constitucional sobre o voto impresso aconteceu no mesmo dia em que Bolsonaro presidiu a um desfile de blindados militares da marinha, frente ao Palácio do Planalto, sede do Executivo, do Congresso brasileiro e do Supremo Tribunal Federal (STF).
O desfile foi duramente criticado pela oposição, que acusou Bolsonaro de tentar fazer uma demonstração de força e pressionar parlamentares no mesmo dia em que a Câmara dos Deputados votou a proposta sobre o voto impresso.
Brasil não merece ser governado por “um genocida”
O ex-presidente brasileiro Lula da Silva, líder do Partido dos Trabalhadores (PT), criticou esta quinta-feira o atual Presidente, Jair Bolsonaro, e garantiu que tentará impedir o país de continuar a ser governado por “um genocida“.
“[O Brasil] não merece ser governado por um genocida como é governado hoje. A humilhação que o Brasil está a sofrer perante o mundo não é possível”, afirmou Lula da Silva, durante a apresentação em São Paulo de um livro sobre os seus processos judiciais.
O ex-chefe de Estado, principal rival de Bolsonaro e que lidera as sondagens sobre as eleições presidenciais de 2022, também disse que o Presidente brasileiro foi eleito graças ao seu discurso de ódio à política, apesar de “ter vivido toda a sua vida como político“, seja como vereador ou como deputado.
Lula da Silva também criticou a gestão do executivo brasileiro da crise sanitária, económica e social provocada pela pandemia do novo coronavírus, que Jair Bolsonaro repetidamente minimizou e cujas possíveis omissões estão sendo investigadas pelo Senado.
“Aquele cidadão [Bolsonaro] não cuidou da pandemia, da fome, do emprego, dos salários e adotou a velha política da pior espécie que um Presidente pode relacionar ao Congresso Nacional”, acusou.
Nesse sentido, o ex-dirigente sindical criticou o atual chefe de Estado por abraçar “a velha política” que prometeu enterrar e as recentes alianças entre o Governo e o chamado “centrão”, grupo heterogéneo de formações de centro e direita que controla o parlamento e tem participado de todos os governos que o país teve, inclusive de Lula da Silva.
“O que estamos vendo hoje é simplesmente terrível na relação política entre o executivo e o legislativo”, disse Lula da Silva.
O ex-chefe de Estado também criticou os diversos processos judiciais a que foi submetido, que culminaram em duas condenações por corrupção e pelas quais passou 580 dias na prisão, afirmando que não foram nada mais que uma “tentativa de destruir a esquerda brasileira”.
“A tentativa de destruir o PT e a esquerda brasileira não deu certo. Conseguimos sobreviver e saímos desse processo muito mais fortes”, considerou o ex-presidente.
No livro “Memorial da Verdade”, Lula da Silva compila seus quase 20 processos judiciais no âmbito da operação Lava Jato e sua trajetória para provar a sua inocência.
Em abril, Lula da Silva recuperou seus direitos políticos depois do Supremo Tribunal Federal (STF) anular quatro desses processos, pois o ex-presidente foi julgado em tribunais que, segundo decisão do STF, não tinham jurisdição para analisar seus processos.
“Nunca imaginei que seria acusado de corrupção. Nunca imaginei que eles tentariam destruir a nossa imagem. Achei que eles haviam aprendido a lidar com a existência do Partido dos Trabalhadores”, concluiu.
// Lusa
O único “crime” do presidente mais perseguido, atacado e investigado da história da América Latina é um vazamento sobre uma invasão de hacker ao sistema eleitoral que dizem ser “perfeito”. Não fosse o Bolsonaro, a opinião pública jamais saberia que afinal, o sistema de perfeito só tem o rótulo pois os hackers por lá passeiam tranquilamente
Deves ser “cego”… um homem homicida, incoveniente, desviador de fundos em conjunto com os filhos,…
é muita coisa mesmo.
Escusas de vir para aqui defender o teu “queridinho”, este é um site de notícias Portugues (sim, de Portugal) e dificilmente verás aqui Bolsonaristas fanáticos
Acho um crime a Esquerda banalizar uma palavra Tão Forte pra Caluniar alguém. É um crime e um desrespeito a história.
Usarem : Genocida entre outros “apelidos” e indiretas difamatórias.
Acho incrível a esquerda Brasileira idolatra e defender tanto a Democracia de Cuba: mas não se mudarem pro Paraíso na Terra que é Cuba.
A única Ex-presidente do PT que teve no Brasil e que presto foi a Dilma: ela ao menos me fazia rir.
O Lula é tão rato que um trabalhador que achou uma mala com dinheiro e devolveu pro dono teve a “honra” de ir pro planalto e se encontrar com o presidente que era o Lula que disse: seria melhor ele ter ficado com o dinheiro achado e não ter devolvido e deu umas “aulas”.
A Dilma foi menos pior que ele: foi no governo dela que ele foi preso.
Meu comentário foi censurado, apagado. Foi um comentário a favor de Bolsonaro, e lastreado nos fatos. Refaço uma parte aqui. Observem que a reportagem não cita que os documentos que bolsonaro divulgou, foram documentos emitidos pelo TSE, confirmando invasão dos seus computadores por um hacker que lá ficou espionando tudo por 6 meses, até que se “cansou” ou cumpriu, quem sabe, a tarefa para a qual foi contratado. Inclusive teve acesso aos códigos fonte do sistema eleitoral brasileiro, podendo hipoteticamente ter gerado programas executáveis e assinaturas digitais dos mesmos, ao ponto de que poderiam ter sido utilizados no pleito de 2018. Mas nada se pode perfeitamente saber porque o TSE perdeu 80gigabytes de logs, dos registros de seus próprios sistemas, que custaram dezenas ou centenas de milhões de dolares americanos. Que azar, né, perder a fonte de informação do esclarecimento da violação.
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