Este fim de semana, Catarina Martins traçou as metas do Bloco de Esquerda para os próximos anos. Em 2019, se o PS quiser continuar a contar com o apoio bloquista, terá de pôr em prática cinco reformas estruturais.
Um casamento dá trabalho e no seu discurso de encerramento da XI Convenção do Bloco de Esquerda, Catarina Martins admitiu isso mesmo. Ainda há muito a fazer, segundo a líder do partido. “Para onde vamos a partir daqui? Como fazer melhor?” Para o Bloco de Esquerda são estas “as lutas do dia de hoje”.
Desta forma, a primeira “grande reforma estrutural” passa pela necessidade de se estabelecer “um consenso nacional sobre o Serviço Nacional de Saúde, com uma Lei de Bases que deve ser aprovada em 2019″.
“Não é possível ter um SNS decente se continuarmos a entregar quatro em cada 10 euros aos grandes grupos privados. A pergunta a que temos de responder nas eleições é esta: queremos continuar a pagar a fatura dos grandes grupos privados ou queremos saúde para toda a gente?”, atirou Catarina Martins.
A segunda, segundo o jornal Público, passa pela demografia, e inclui melhorar as condições salariais, as condições de abono de família, respeitar os imigrantes, investir nos transportes, defender “a universalidade do Estado Social”.
A “reforma que é preciso fazer é o contrário do que a direita fez: melhores salários, salários iguais para as mulheres, transportes e livros gratuitos, a universalidade do Estado Social.”
O combate às alterações climáticas compõe aquela que é a terceira grande reforma estrutural. Catarina Martins insistiu que “não apostar no petróleo é a única forma de virarmos a economia para a sustentabilidade” e defendeu, entre outras medidas, “a baixa progressiva dos passes sociais, o investimento em transporte público elétrico, a redução dos automóveis nas cidades, e painéis solares na habitação”.
No Algarve, o Bloco de Esquerda já fez a diferença. “Se todas as prospeções de petróleo tivessem sido aprovadas, Portugal parecia um queijo suíço.”
A quarta reforma é a que poderá enfrentar mais obstáculos por parte do PS, dado que se trata da defesa do controlo público da banca e da energia. “Depois de 30 anos de privatizações, na energia e na banca, se nos perguntarem quanto perdemos, a conta é demasiada”, justificou Catarina Martins.
A quinta, última, mas não menos importante diz respeito à promoção da transparência. A “criação de uma entidade da transparência”, com “novas e exigentes medidas de responsabilização da classe pública”, é uma reforma que o Bloco de Esquerda quer por em prática ainda este ano.
A esta mão cheia de reformas acrescenta-se ainda o “compromisso ‘Agora o Povo'” e “o pacto pela soberania” apresentado por Marisa Matias. A eurodeputada defendeu que o programa eleitoral que o Bloco irá apresentar às legislativas “é incompatível com o Tratado Orçamental”.
Também Catarina Martins sublinhou a “urgência” em revogar o Tratado Orçamental “que criminaliza o investimento e submete os estados à voragem do sistema financeiro internacional”.
“O compromisso é com o povo e com esta certeza funda de que, quando os tratados atacam o povo, a responsabilidade da esquerda é clara: mudem-se os tratados“, defendeu.