O empresário recorreu à Associação de Colecções para ficar com as obras compradas em parceria com o Estado nos primeiros anos do Museu Berardo.
O Ministério da Cultura de Portugal confirmou que a Associação de Coleções, controlada por José Berardo, adquiriu 214 obras de arte originalmente destinadas ao Museu Coleção Berardo.
As peças foram adquiridas com um fundo co-financiado pelo empresário e pelo Estado português, lembra o Público. A associação está também por detrás do Berardo – Museu Arte Deco em Lisboa.
O protocolo de 2006, que estabeleceu o museu no Centro Cultural de Belém (CCB), permitia que Berardo ou um representante adquirisse as obras ao preço original caso a Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Colecção Berardo (FAMC-CB) fosse dissolvida. O fundo de aquisição, para o qual ambas as partes contribuíam com 500 mil euros anuais, deixou de receber financiamento, o que levou à compra das obras pela Associação de Coleções.
O novo Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, tem estado a trabalhar para garantir o acesso público à coleção sem ter de comprá-la, rompendo o protocolo de 2006. O Ministro anunciou que o Estado comprará a Coleção Ellipse para um futuro museu de arte contemporânea no CCB.
A relação entre Berardo e o Estado tornou-se cada vez mais tensa, particularmente após o empresário ter sido questionado sobre as suas dívidas numa comissão parlamentar.
Recentemente, Berardo tentou, sem sucesso, travar a anulação do protocolo através de ações judiciais. Mesmo que o Estado vença em futuros processos judiciais, ainda será preciso tempo para resolver a ação movida pela Caixa Geral de Depósitos, BCP e pelo Novo Banco para recuperar mais de 900 milhões de euros.
O futuro do novo Museu de Arte Contemporânea no CCB (MAC/CCB) permanece incerto. As obras da coleção foram arrestadas por ordem do tribunal, e qualquer decisão sobre o destino final das obras ainda está pendente nos tribunais.