O empresário Hélder Bataglia, alegado intermediário de Ricardo Salgado no pagamento de supostas luvas do Grupo Espírito Santo (GES) a José Sócrates, tem uma fortuna estimada em 200 milhões de euros.
A notícia é avançada este sábado pelo Correio da Manhã, que escreve que Bataglia é amigo de longa data de Salgado e de José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, primo de Sócrates.
Segundo sustenta a acusação do Ministério Público (MP) na Operação Marquês, citada pelo diário, Bataglia terá tido um papel relevante no esquema de circulação das alegadas luvas para o antigo ministro José Sócrates.
O valor da fortuna do empresário foi revelado revelado através de documentação do banco UBS, sediado na Suíça, enviada pelo MP da Suíça para a Operação Marquês, em resposta a uma carta rogatória das autoridades judiciais portuguesas.
Datada de maio de 2016, escreve o matutino, a ficha de cliente da Mombaka Invest, offshore de Bataglia, é classificada como “estritamente confidencial”, segundo a documentação existente nos autos do caso Marquês.
Detalhando a fortuna, descrevendo os valores e a sua composição, o documento indica que Bataglia, então presidente e acionista da Escom, do GES, tinha “um total de ativos de cerca de 200 milhões de euros”. De acordo com o mesmo documento, o empresário tinha, na época, “cerca de 20 milhões de euros em vários bancos (Portugal, Brasil, Angola, Suíça) e muita terra (Portugal, Argentina, Angola, Polónia)”.
O Ministério Público suiço enviou às autoridades judiciais portuguesas informação sobre cinco sociedades offshore de Bataglia: Mombaka Invest, Mombaka Finance, Markwell International, Monkway Finance e Golconda Overseas.
À exceção da primeira, as restantes offshores terão sido utilizadas no esquema de circulação das alegadas luvas do GES para Sócrates.
Operação Marquês
O inquérito Operação Marquês culminou na acusação pela justiça portuguesa a 28 arguidos – 19 pessoas e nove empresas – e está relacionado com a alegada prática de quase duas centenas de crimes de natureza económico-financeira.
O antigo ministro socialista, que chegou a estar preso preventivamente durante dez meses e depois em prisão domiciliária, está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada.
Entre outros pontos, a acusação sustenta que José Sócrates recebeu cerca de 34 milhões de euros, entre 2006 e 2015, a troco de favorecimentos a interesses do ex-banqueiro Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santos e na PT, bem como por garantir a concessão de financiamento da Caixa Geral de Depósitos ao empreendimento Vale do Lobo, no Algarve, e por favorecer negócios do Grupo Lena.
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