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Líder da banda com fãs fictícios e sem público explica como enganou toda a gente

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O líder da banda Threatin que se tornou famosa por ter fãs fictícios e após uma digressão sem público, explica que tudo não passou de uma “manobra de publicidade” para conseguir atenção sobre a sua música e salvar o rock.

Jered Eames, de 29 anos, tornou-se famoso depois de se ter descoberto que a banda que criou, os Threatin, era, na verdade, uma grande farsa.

Em entrevista à revista Rolling Stone, Eames explica como criou vários sites fictícios sobre a banda, bem como empresas de relações públicas e editoras forjadas, para dar credibilidade aos Threatin.

Também inflacionou o número de seguidores da banda nas redes sociais e inventou um agente que negociou com vários clubes de rock pela Europa marcações para uma pretensa digressão mundial.

Esta digressão terminou ao cabo de apenas uma semana e após seis concertos, dada a falta de público.

“Transformei uma sala vazia em títulos internacionais. Se estás a ler isto, fazes parte da ilusão”, escreveu nas redes sociais, depois de a insólita farsa ter sido noticiada.

Agora admite que tudo não passou de “manobra de publicidade”. “De nenhuma forma eu ia ter atenção suficiente sendo um artista rock em 2018, a não ser que fizesse alguma coisa para chamar a atenção das pessoas”, salienta Eames na Rolling Stone, garantindo que a sua “música é muito real”.

“História feliz dura um dia, tragédia dura a vida inteira”

Natural do Missouri, nos EUA, Eames toca guitarra desde os 10 anos de idade e tem, como alega, um problema de saúde grave, devido a uma insuficiência cardíaca que o pode levar a sangrar internamente até morrer.

Antes dos Threatin, teve uma banda com o irmão, com quem não fala há uns seis anos, e com a qual tentou uma carreira musical em Los Angeles, seguindo os passos tradicionais, com muitos concertos e muitos bateres de porta em editoras sem sucesso.

Desfeita a parceria com o irmão, gravou 70 canções, tocando todos os instrumentos, e conseguiu contratar o engenheiro de som Greg Calbi que trabalhou com figuras como John Lennon e Bruce Springsteen, entre outros.

Também contratou três músicos para compor a sua banda e começaram a tocar juntos regularmente, antes de marcarem os concertos.

Ele explica na Rolling Stone que criou na sua cabeça uma persona à imagem de “vilões” do rock que admira como Alice Cooper, Ozzy Osbourne e Marilyn Manson. “Se és o herói, vais ter um quarto da atenção do tipo mau“, nota. “Uma história feliz dura um dia, mas uma tragédia dura a vida inteira”, acrescenta.

Sublinhando que está disposto a fazer tudo para “trazer o rock de volta à luz da ribalta”, Eames relata que se fabricou como uma estrela, inspirando-se no comediante Andy Kaufman que costuma misturar ficção e realidade nas suas paródias.

“O facto de as pessoas olharem para estes números [de seguidores nas redes sociais] que podem ser tão facilmente ficcionados e darem-lhes algum tipo de mérito, demonstra uma falha enorme na indústria musical“, diz também.

A farsa deste anti-herói do rock já lhe garantiu fama mundial e pode ser o trampolim de lançamento para a carreira musical que tanto ansiava. Alguns dos clubes onde esteve sem público estão dispostos a dar-lhe uma segunda oportunidade na certeza de que, desta vez, vão esgotar a sala.

SV, ZAP //

5 Comments

  1. Isto diz muito da credibilidade e da neutralidade da Internet… Apesar de tudo, o maior feito é justamente o de ter mostrado o quão virtual é o virtual…

  2. E o teu atesta bem a mediocridade vigente! Extrapolando do teu comentário o teu conceito de liberdade de expressão/opinião, facilmente se obtém um perfil psicólogico. E ficamos conversados… Boas Festas!!

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