A doença do Panamá é uma infeção que destrói as bananeiras e já afetou várias plantações na Ásia, Austrália, Médio Oriente e África. Cerca de 400 milhões de pessoas de países em desenvolvimento dependem da banana para a ingestão diária de calorias.
O cenário de um mundo sem bananas pode nunca ter sido colocado em questão, mas agora a situação está mais grave, muito por causa da doença do Panamá, que tem dizimado bananeiras pelo mundo inteiro.
Preocupados com o problema, alguns cientistas começaram já a tentar arranjar uma forma para evitar, no limite, a extinção do fruto. A solução, de acordo com o The Conversation, passa por criar uma nova planta resistente à infeção causada pela doença do Panamá.
O artigo escrito por Stuart Thompson, professor na Universidade de Westminster, no Reino Unido, relata como é que a famosa doença pode afetar a produção mundial de bananas, ao ponto de levar o fruto à extinção.
A expressão “república das bananas” não vem por acaso e há nações inteiras que dependem do cultivo desta fruta para sustentarem a sua economia e, em alguns casos, era, virtualmente governadas pelas empresas que produziam as colheitas.
A verdade é que esta infeção que afeta o “fruto do amor”, nas palavras de Michael Chacon, não é nova e, em meados do século passado, já afetou gravemente plantações da América Latina. A doença do Panamá espalha-se facilmente, uma vez que as bananas do mesmo tipo são geneticamente idênticas, caso uma planta seja infetada, todas as outras árvores da plantação também ficam sob risco.
Sem solução para este problema, não havia maneira de travar a difusão do fungo. Estima-se que a epidemia tenha gerado perdas de 2,3 mil milhões de dólares, o que com a inflação dos dias de hoje corresponde a 18,2 mil milhões de dólares.
A única maneira encontrada pelas empresas de cultivo de bananas para “parar” esta infeção foi começarem a plantar uma variedade diferente desse fruto, a banana Cavendish, que não era tão comum na América Latina, mas que parecia ser resistente à doença do Panamá.
A Cavendish conseguiu salvar a produção de bananas, ao ponto que 99% das bananas exportadas e quase metade da produção mundial é desta variedade. Contudo, cientistas temem agora que, caso a infeção chegue à banana Cavendish, uma grande fatia da produção será afetada e pode levar à extinção deste fruto.
Isto porque, segundo explica o The Conversation, da mesma forma que existem diferentes variedades de bananas, existem diferentes tipos da doença do Panamá. As árvores com a banana Gros Michael — uma das variedades mais plantadas antes da infeção se espalhar — foi afetada pela “Raça 1” da doença.
Outro dos casos em Taiwan consistia no fungo “Tropical Race 4”, outro tipo da infeção. E não é são só as outras variedades de banana que estão sujeitas a serem infetadas. As bananas Cavendish e 80% das variedades em cultivo atualmente também estão sujeitas ao problema.
A verdadeira solução
Há uma espécie de bananeira em Madagáscar que cultiva bananas silvestres e implantáveis, imunes à doença do Panamá, de acordo com o Tech Times. Os cientistas estimam que há apenas cinco destas árvores.
Richard Allen, assessor sénior de conservação do Royal Botanic Gardens, afirma que estas árvores de Madagáscar, raras e resistentes à doença, têm certas características que as tornam mais fortes do que as bananas Cavendish.
“Estamos esperançosos de que o trabalho que está a ser feito por cientistas ao redor do mundo para encontrar uma cura para a doença que ameaça a banana Cavendish será bem-sucedido”, afirmou Steve Porter, o jardineiro chefe de Chatsworth, um grande palácio rural na região de Manchester, no Reino Unido.
Allen destaca que o clima da ilha permitiu que as bananas dessa região tenham ganho uma tolerância à doença e à seca. A banana de Madagáscar é diferente das Cavendish, uma vez que produz sementes e tem um sabor desagradável.
No entanto, se for criada uma banana híbrida, com ambas as variedades, pode-se aliar o sabor da Cavendish com a resistência às infeções da banana de Madagáscar. Desta forma, será possível salvar o fruto de uma possível e trágica extinção.
ZAP // The Conversation
E que tal investirem a sério no combate à doença, essa quanto a mim seria a primeira das prioridades. Esta é também mais um sinal de que tudo está a caminhar para um final infeliz embora muitos se recusem a reconhecê-lo.
Leia este artigo que ajuda,
https://zap.aeiou.pt/holanda-bananas-laboratorio-235314