A baleia bateu o recorde da maior distância de grande círculo alguma vez registada para a sua espécie. Os cientistas acreditam que estava em busca de uma fêmea para acasalar.
Uma baleia jubarte macho bateu recordes ao percorrer uma distância sem precedentes através de três oceanos em busca de oportunidades de acasalamento, de acordo com um novo estudo publicado na Royal Society Open Science.
Esta viagem representa a maior distância de grande círculo alguma vez documentada para a espécie (Megaptera novaeangliae), abrangendo 13 046 quilómetros desde o leste do Oceano Pacífico, ao largo da Colômbia, até ao sudoeste do Oceano Índico, perto de Zanzibar.
Embora as baleias jubarte sejam conhecidas pelas suas migrações anuais de mais de 8000 quilómetros na direção norte-sul entre zonas de alimentação e reprodução, as viagens na direção este-oeste através de bacias oceânicas são extremamente raras.
A baleia seguiu provavelmente as correntes predominantes no Oceano Antártico e pode ter interagido com outras populações de baleias jubarte no Atlântico ao longo do caminho, segundo Ted Cheeseman, coautor do estudo e diretor da base de dados de imagens Happywhale. “Uma das descobertas mais significativas foi a interação da baleia com várias populações durante o percurso”, observou Cheeseman.
Normalmente, as baleias jubarte seguem padrões de migração previsíveis e permanecem em grupos populacionais distintos. No entanto, a extraordinária viagem deste macho realça uma flexibilidade anteriormente não documentada no comportamento migratório, explica o Live Science.
A descoberta baseou-se em provas fotográficas recolhidas entre 2013 e 2022 e carregadas no Happywhale. A plataforma fez corresponder imagens do mesmo macho sexualmente maduro em dois locais distantes, marcando um feito notável na ciência cidadã e na investigação sobre baleias.
Os investigadores acreditam que a procura de reprodução foi uma motivação primária, uma vez que a baleia foi vista em grupos competitivos tanto na Colômbia como em Zanzibar – situações em que os machos disputam o acesso a uma fêmea.
Fatores ambientais como as alterações climáticas, a distribuição de alimentos e o crescimento da população podem também ter influenciado este comportamento único.
Esta viagem recorde não só lança luz sobre a extraordinária capacidade de adaptação das baleias jubarte, como também levanta questões sobre a forma como as alterações ambientais e a dinâmica populacional poderão influenciar as futuras migrações.