Um avião da companhia aérea Lion Air que partiu na segunda-feira de Jacarta despenho-se no mar pouco depois de descolar. A bordo estavam 189 pessoas e teme-se que não haja sobreviventes.
A agência de resgate e salvamento confirma a queda do Boeing 737 MAX 8, da companhia privada Lion Air, acrescentando que perdeu contacto com o solo 13 minutos depois de descolar.
As autoridades iniciaram rapidamente uma missão de busca e resgate, encontrando detritos da aeronave, incluindo partes da fuselagem da aeronave, cartões de identificação e malas pertencentes aos passageiros a bordo.
Pessoas numa instalação de refinação offshore nas proximidades também encontraram restos da aeronave, incluindo assentos de avião. Foram ainda encontrados objetos como auscultadores e coletes salva-vidas no mar, a uma profundidade entre 30 a 35 metros do local onde o avião perdeu contacto.
“Ainda não sabemos se há sobreviventes”, disse Muhmmad Syaugi, da agência de resgate, numa conferência de imprensa. “Esperamos, rezamos, mas não podemos confirmar.”
De acordo com o The Washington Post, seis sacos com partes dos corpos encontrados fora levados para o hospital. “A minha previsão é de que ninguém sobreviveu, porque nenhuma das vítimas foi encontrada” totalmente intacta e viva, disse Bambang Suryo Aji, diretor de operações da agência.
O diretor executivo da companhia aérea, Edward Sirait, disse que o avião, um novo modelo da Boeing, tinha tido um problema técnico num voo anterior que foi resolvido “de acordo com o procedimento”. “Deixem as autoridades investigarem o que aconteceu. Mas eu certifiquei-me de que o avião fosse autorizado para voar”, garantiu.
Entre os que estavam a bordo, encontravam-se dois pilotos, seis comissários de bordo e dois bebés, além de 20 funcionários do Ministério das Finanças da Indonésia. Juntos, o piloto e o co-piloto acumulavam 11 mil horas de voo.
Numa conferência de imprensa, o presidente indonésio, Joko Widodo, pediu às famílias que permanecessem calmas, enquanto as autoridades continuavam à procura de sobreviventes. “Estamos a fazer o melhor que podemos para encontrar e salvar vítimas. Continuo a rezam e espero que as vítimas sejam encontradas em breve”, disse.
Mais de 300 equipas de resgate foram destacadas pela agência e ainda estão à procura do corpo principal do avião.
Segundo o especialista em aviação Viktor Galenko, a indicação incorrecta da velocidade nos instrumentos devido ao bloqueio dos receptores de pressão atmosférica poderia ter provocado a catástrofe do Boeing 737, visto que o voo anterior da aeronave tinha demonstrado valores instáveis semelhantes de altitude e velocidade após a descolagem.
Na opinião do analista russo, a explicação entretanto avançada, de que a causa poderia ter sido o congelamento dos receptores de pressão atmosférica, pode ser descartada, uma vez que a temperatura a essa altitude de voo era positiva.
“Resta a hipótese de um bloqueio mecânico dos tubos de Pitot, instrumento de medição de velocidade, devido à entrada de insectos ou animais pequenos durante a última fase do estacionamento da aeronave”, explicou o analista.
No entanto, essa falha não é crítica, salienta Viktor Galenko, porque outros dispositivos indicadores da velocidade, como o GPS, permitem pilotar o avião de forma bastante segura.
“Infelizmente, em situações em que a tripulação é composta por dois membros, pode acontecer um conflito entre o comandante e o copiloto na altura de tomar a única decisão correta. Essa pode ter sido a principal premissa para a catástrofe“, diz o analista, que realça que este acidente aéreo é o maior em número de vítimas desde 2015.
A Indonésia, um arquipélago do sudeste asiático com 17.000 ilhas e ilhéus, depende bastante do transporte aéreo, e os acidentes são frequentes.
ZAP // RFI / Sputnik News