“Momento de loucura”. Deputado Conservador demite-se após ver pornografia no Parlamento

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Richard Townshend / Wikimedia

A demissão de Neil Parish pode representar mais uma derrota para os Conservadores nas eleições antecipadas para o seu lugar e surge mesmo em cima das autárquicas que vão ter lugar esta semana.

Depois de uma polémica sobre um cruzar de pernas ter despoletado um debate nacional sobre o sexismo no Parlamento no Reino Unido, o deputado Conservador Neil Parish tornou-se o foco de num novo escândalo sexual na política britânica.

Parish anunciou a sua demissão no sábado depois de ter admitido que viu pornografia em duas ocasiões no seu telemóvel enquanto estava na Câmara dos Comuns.

A acusação surgiu inicialmente após uma reunião de mulheres do grupo Conservador 2022 em Westminster, com duas mulheres a dizerem que testemunharam um deputado a ver pornografia no plenário e uma outra Ministra a afirmar que também tinha visto o mesmo durante uma reunião de um comité. Inicialmente, não foi divulgado quem era o deputado em questão.

O comité independente que investiga queixas de assédio e má conduta sexual no Parlamento abriu uma investigação. O primeiro-ministro, Boris Johnson, comentou o caso considerando-o “inaceitável“, mas pediu paciência pelo fim da investigação.

Na sexta-feira, o jornal The Telegraph avançou que Neil Parish era o deputado em questão. A sua esposa defendeu-o publicamente, descrevendo a situação como “embaraçosa” e “estúpida”.

Quando confrontado pelos jornalistas, o deputado confessou que abriu algo por engano no Parlamento, mas que estava à espera do resultado da investigação. No entanto, Paris acabou por não resistir à pressão pública e anunciou a demissão no sábado, descrevendo a visualização de pornografia como um “momento de loucura”.

“A situação é que, curiosamente, estava a ver tratores. Fui para outro site que tinha um nome semelhante e vi durante algum tempo, o que não devia ter feito. Mas o meu maior crime é que noutra ocasião, vi outra vez. O que eu fiz foi absolutamente errado. Peço desculpas totalmente”, confessou à BBC.

O deputado explicou que inicialmente ia explicar ao comité o que tinha acontecido, mas que decidiu demitir-se depois de se aperceber da “agitação e danos” que estava a causar à sua família e ao eleitorado.

A deputada Trabalhista Thangam Debbonaire afirmou que Paris tomou a decisão certa ao demitir-se após o seu “comportamento nojento“. “Mas é chocante que os Conservadores tenham permitido que este fiasco se tenha arrastado durante tantos dias. Repetidamente os Conservadores recusam agir, recorrendo a encobrimentos e arrastando a reputação de outros deputados e da Câmara com eles”, criticou.

Esta demissão surgiu apenas alguns dias antes das eleições autárquicas que terão lugar no Reino Unido na quinta-feira, que estão a ser encaradas como um referendo à liderança de Boris Johnson depois da sua imagem ter sido abalada pelo partygate e por outros escândalos.

A saída de Parish abre agora a porta a uma nova eleição antecipada em Tiverton e Honiton, no Devonshire. Um bastião dos Conservadores, a vitória do partido pode estar em risco com a proximidade dos Liberais-Democratas, que também já roubaram um lugar histórico aos Tories em Dezembro, em North Shropshire.

Parish pode ter cometido um crime

De acordo com a Trabalhista Jess Phillips, é ainda possível que Parish tenha cometido um crime ao ver pornografia no Parlamento, citando uma lei presente no Acto de Exibições Indecentes de 1981.

“Se qualquer acto indecente for exibido, a pessoa a fazer a exibição e qualquer pessoa a causá-la ou permiti-la é considerada culpada da ofensa“, lê-se na lei, que prevê uma moldura penal desde uma multa até dois anos de prisão.

Phillips afirma ao Observer que a lei é pouco conhecida e que, por isso, é poucas vezes aplicada e adianta que os Trabalhistas já pediram uma revisão para se perceber se a legislação abrange este caso.

A deputada apela ainda à criação de uma campanha pública de informação sobre o facto da visualização de pornografia em público ser crime. “Já existem bastantes leis destinadas a proteger as mulheres e as meninas na sociedade, mas não são aplicadas. As pessoas não sabem que se podem queixar“, remata.

Adriana Peixoto, ZAP //

3 Comments

  1. “A situação é que, curiosamente, estava a ver tratores. Fui para outro site que tinha um nome semelhante e vi durante algum tempo, o que não devia ter feito. Mas o meu maior crime é que noutra ocasião, vi outra vez…”

    Tratores?!!!!!??? Tratores?!!!! Fo#$-#$… esta foi a melhor desculpa que o homem conseguiu arranjar?!! Tratores?!!!

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