Algumas autarquias já começaram a pôr mãos à obra para facilitar o voto antecipado e aumentar a capacidade de recolha dos votos de eleitores confinados por causa da covid-19.
Com as previsões de meio milhão de isolados em janeiro, a pandemia poderá vir a ser determinante no resultado das eleições legislativas marcadas para o próximo dia 30.
Por isso, conta o jornal Público esta sexta-feira, há autarquias que já começaram a pôr em marcha planos não só para facilitar o voto antecipado, mas também para aumentar a capacidade de recolha dos votos de eleitores confinados (o prazo para as pessoas comunicarem que estão nessa situação termina a 23 de janeiro).
É o caso de Lisboa, Sintra, Vila Nova de Gaia e Porto que, em conjunto, têm 1,27 milhões de eleitores inscritos, segundo os dados dos cadernos eleitorais das últimas legislativas, ocorridas em 2019.
Em Gaia, por exemplo, vão passar de 25 para 42 os locais para o voto antecipado ou voto em mobilidade que acontece uma semana antes do dia das eleições, ou seja, a 23 de janeiro.
Já as brigadas (equipas que vão a casa de pessoas confinadas recolher o seu voto) serão constituídas por 125 pessoas, quando nas eleições Presidenciais eram apenas compostas por 40.
Na capital, haverá 133 secções de voto dispersas por três locais, quando no último ato eleitoral houve só 77 secções de voto em apenas um local, a Universidade de Lisboa, o que originou longas filas.
Quanto às brigadas, nas últimas Presidenciais houve apenas seis, sendo que neste escrutínio o “número de elementos envolvidos dependerá do número de inscritos“, explicou a Câmara lisboeta ao diário.
Na ‘Invicta’, as mesas de voto antecipado vão passar de 30 para 50. Relativamente às brigadas, a resposta é semelhante à da autarquia liderada por Carlos Moedas. Nas Presidenciais houve 15 equipas, com 30 pessoas. Nas próximas, o número será reforçado, mas ainda não se sabe ao certo em quanto.
Por último, em Sintra, as 13 mesas para o voto em mobilidade vão passar a 30. Quanto à recolha de votos, ainda não é um tema fechado. A Câmara “vai criar as condições logísticas para garantir essa operação”, respondeu a autarquia.
Sem qualquer orientação por parte da Comissão Nacional de Eleições (CNE), as autarquias estão a trabalhar por si e há quem não tenha problemas em criticar esta situação.
É o caso do presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, que quis registar a “completa ausência de informação por parte da CNE”, considerando que esta “lamentavelmente se está a transformar não num órgão de apoio ao ato eleitoral, mas um simples órgão de receção de queixas anónimas”.
Questionado pelo jornal, o porta-voz da CNE, João Tiago Machado, remeteu qualquer esclarecimento sobre a organização das eleições legislativas para a secretaria-geral do Ministério da Administração Interna (MAI).