São poucas as autarquias que querem ter fogo de artifício na passagem de ano. Ainda assim, aquelas que estão interessadas, estão a ver as autoridades policiais rejeitarem emitir licenças.
Aproxima-se a passagem de ano e, embora vivamos em plena pandemia de covid-19, há autarquias que querem trazer um pouco de normalidade a estes tempos diferentes. Há cerca de 20 a 30 autarquias que querem ter fogo de artifício no Réveillon deste ano.
No entanto, tanto a PSP como a GNR não estão a emitir as respetivas licenças, diz a Associação Portuguesa dos Industriais de Pirotecnia e Explosivos (APIPE). De acordo com o jornal Expresso, o objetivo é evitar ajuntamentos que costumam ocorrer durante os espetáculos de pirotecnia.
“Está praticamente a haver um bloqueio das autoridades policiais ao licenciamento de fogo de artifício na passagem do ano aos municípios e empresas que o querem fazer, porque dizem que vai gerar aglomerados, o que não é verdade“, argumenta Carlos Macedo, presidente da APIPE.
Macedo realça que o fogo de artifício “pode ser disperso” e “não tem necessariamente de ser visto em proximidade”.
“Fizemos este ano um grande trabalho de tentar vender a ideia do fogo de artifício visto à distância, chamámos-lhe o fogo a 360 graus, para que, em vez de ser feito na praça central da cidade, possa decorrer em quatro ou cinco polos diferentes e as pessoas o verem das suas ruas, das suas varandas ou das suas janelas”, explica o presidente da associação de pirotécnicos.
Assim sendo, já não bastava o problema de apenas 10% das autarquias estarem interessadas em ter fogo de artifício na passagem de ano, como estas ainda estão a ter problemas em conseguir a devida licença das autoridades.
A Associação Portuguesa dos Industriais de Pirotecnia e Explosivos está também a sensibilizar as autoridades policiais no sentido de garantir que as sessões de fogo de artifício podem decorrer nos municípios de forma dispersa, conta ainda o Expresso.
Os festejos de natal e ano novo representam para algumas empresas do setor cerca de metade do seu volume de negócios anual. Isto significa que, sem estes espetáculos de pirotecnia, as empresas agravam ainda mais a sua situação.
“A pirotecnia tem estado parada desde a última passagem de ano. Se não tivermos alguma atividade no final do ano, vai ser um desastre total para as famílias produtoras de pirotecnia”, salienta Carlos Macedo.
Além disso, os produtores de fogo de artifício também ficaram excluídos dos apoios anunciados pelo Governo para os setores mais atingidos pela pandemia.
“Este setor precisa tanto de ajuda como os restaurantes, os hotéis ou as companhias aéreas, nós também fazemos parte do turismo e da cultura, somos parte importante dos eventos e temos muitos trabalhadores”, atira o presidente da APIPE.