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Austrália emocionada com deputada que denunciou o marido por pornografia infantil

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(dr) Eddie Jim / The Age

A deputada australiana Rachel Carling-Jenkins

No dia em que a deputada australiana Rachel Carling-Jenkins descobriu que o marido tinha pornografia infantil no computador de casa, foi directamente à polícia denunciá-lo. Após a denúncia, o homem foi preso.

Num discurso emocionado no parlamento do estado de Victoria, na Austrália, a deputada conservadora Rachel Carling-Jenkins surpreendeu esta quinta-feira os colegas quando pela primeira vez revelou a história que, segundo conta, durante 18 meses virou a sua vida do avesso.

Esta declaração vai ser para mim muito difícil de fazer“, começou por dizer a deputada. “Mas quando fui eleita para um mandato de 4 anos nesta casa, jurei que seria a voz dos indefesos, dos escravizados, a voz dos que não a têm. Portanto, estou aqui hoje para falar em nome das vítimas de um crime cometido por alguém que me é próximo”.

“Na realidade, um crime cometido pelo meu marido, Gary Jenkins”, diz Carling-Jenkins.

Eu e o meu filho Terry encontrámos imagens no seu computador que me causaram grande aflição na altura, aflição que tenho até agora”, revelou a deputada. “Encontrámos uma enorme coleção de pornografia infantil, material muito perturbador que me causou grande angústia”.

O meu casamento terminou imediatamente. Saí de casa no dia em que descobri o que estava a acontecer e não voltei, excepto para ir buscar alguns pertences”, conta a deputada.

Rachel Carling-Jenkins explica que chamou a polícia, saiu de casa imediatamente e que manteve até agora silêncio sobre o que aconteceu para não interferir na investigação policial e no processo judicial.

A revelação da deputada gerou comoção e inúmeras manifestações de apoio de colegas de todos os quadrantes políticos, que elogiaram a sua atitude e se mostraram solidários com Carling-Jenkins.

Mas, segundo conta o jornal local The Age, o apoio à declaração de Carling-Jenkins não foi unânime, e a deputada acabou mesmo por ser criticada por algumas pessoas.

“Foram poucos os que me criticaram, mas nem todos me eram estranhos”, realça Carling-Jenkins. “Não me arrependo, como mãe ou como esposa, de ter denunciado esse crime horrível, que ocorreu na privacidade do meu lar”, acrescentou.

A política, militante dos Conservadores Australianos, diz que até fevereiro do ano passado nunca tinha suspeitado de que o marido fosse viciado em pornografia infantil. “Olhando para trás, para as mentiras e os enganos de Gary e dos seus pais, percebo agora que o meu marido não tem uma doença mental, tem algo muito mais sinistro”.

Carling-Jenkins diz que o marido se negou a assinar os papéis do divórcio e a chegar a um acordo sobre as propriedades e outros bens do casal. A deputada conta que se sente financeira e mentalmente abusada pelo ex-marido, que foi entretanto condenado a uma pena de quatro meses de prisão por posse de pornografia infantil.

Mas Rachel Carling-Jenkins fala acima de tudo da angústia que sentiu pelas vítimas. “O que aconteceu com o meu marido não é sobre mim. Não é sequer sobre o meu marido. O caso é sobre as vítimas, as muitas meninas que foram abusadas para prazer de pedófilos”.

“Os rostos de muitas delas ficarão gravados na minha memória para sempre. Rezo para que a polícia possa identificar e resgatar tantas vítimas pobres, desamparadas e vulneráveis quanto for possível”.

“Estas meninas, e outras como elas, nunca seriam abusadas se pessoas como o meu ex-marido não criassem um mercado para o seu abuso“, conclui a deputada australiana.

ZAP // BBC / The Age

3 Comments

  1. Se calhar queria ver-se livre do marido e esta é uma boa solução para uma demagoga que pretende ir longe na carreira. É o 2 em 1. Livra-se do marido e ainda fica bem perante o povo. Ou então o marido é mesmo pedófilo e aí também não percebo como é que a senhora demorou tanto tempo a descobrir que o marido não jogava com o baralho todo. Seja como for, por maquiavelismo ou simplesmente por ser distraída, a senhora nunca pode sair bem desta situação em termos políticos.

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