As ausências de Putin e de Xi Jinping estão a dar que falar, principalmente após o G20 ter aprovado uma declaração conjunta que condena as acções da Rússia.
Com o início da cimeira G20 em Nova Deli, há dois pesos pesados ausentes, mas muito presentes nas manchetes: Xi Jinping e Vladimir Putin.
A decisão de Xi Jinping de faltar à cimeira pela primeira vez gerou rumores. Enquanto alguns especulam que seja uma afronta ao primeiro-ministro indiano Narendra Modi, devido às tensões fronteiriças e crescente proximidade da Índia aos EUA, outros sugerem que possa ser devido a desafios domésticos, particularmente a crise económica na China.
Por outro lado, a ausência de Putin priva o G20 da oportunidade de o abordar diretamente sobre a guerra na Ucrânia e o seu subsequente impacto global, nomeadamente nos preços dos alimentos.
Em vez do G20, Putin estará a hospedar o Fórum Económico Oriental em Vladivostok, onde se poderá encontrar com o líder norte-coreano Kim Jong-un. Apesar dos rumores de que Pyongyang já está a fornecer armamento a Moscovo, os Estados Unidos alegam que a Coreia do Norte está a ponderar anunciar oficialmente uma aliança com os russos. O Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, está a representar a Rússia em nome de Putin.
G20 aprovam declaração anti-guerra
Numa vitória para a Índia e as potências ocidentais, os líderes do G20 emitiram uma declaração conjunta com farpas à Rússia, onde enfatizam que “todos os estados devem abster-se da ameaça ou uso da força para procurar aquisição territorial”.
Mesmo assim, a declaração também sublinhou opiniões e avaliações divergentes da situação entre os estados membros, especialmente em relação às ações da Rússia na Ucrânia. Dado que tanto a Rússia como a China são membros do G20, alcançar qualquer consenso sobre a questão ucraniana foi desafiante devido à resistência de ambos ao uso de linguagem mais robusta a condenar as ações de Moscovo.
Mas a ausência de Xi Jinping e de Vladimir Putin também serve como uma oportunidade para Biden se afirmar mais assertivamente como uma alternativa às alianças económicas chinesas, especialmente nos países em desenvolvimento.
O chefe de Estado norte-americano anunciou planos, em colaboração com nações da Europa, Médio Oriente e Ásia, para estabelecer um corredor de comércio que liga estas regiões. A medida é vista como um desafio direto à iniciativa Nova Rota da Seda de Pequim, explica a CNN.
Reforçando o compromisso dos EUA, Biden também anunciou reformas e investimentos para o Banco Mundial, potencialmente desbloqueando mais fundos para as nações em desenvolvimento, oferecendo uma alternativa às ambições económicas da China.
Embora Biden tenha conseguido angariar apoio para a Ucrânia em outros fóruns, o G20 apresentou um desafio diferente. Muitas nações, particularmente do Sul Global, hesitam em alinhar-se completamente com os sentimentos ocidentais, dada a proximidade que têm da Rússia.